Radioterapia
A radioterapia é uma das principais modalidades de tratamento para o câncer, estando presente em mais de 50% dos casos.
O que é a radioterapia?
A radioterapia é uma das principais modalidades de tratamento para o câncer, estando presente em mais de 50% dos casos. Consiste na utilização de raios-x (ou feixe de elétrons) produzidos a partir de um acelerador linear para danificar as células cancerígenas. Sendo assim, o procedimento acontece por meio de dois mecanismos concomitantes:
- Dano indireto, mais frequente, quando a radiação ionizante interage com as moléculas de água no interior da célula, criando radicais livres que por sua vez ocasionam o dano irreparável no DNA e a morte celular.
- Dano direto, quando a radiação ionizante atinge a estrutura do DNA diretamente, ocasionando assim, um dano irreparável e consequentemente a morte celular.
Apesar desses mecanismos se iniciarem no momento da aplicação, seu efeito final (a morte celular) pode ocorrer em horas a dias após o procedimento. É importante frisar que mesmo esses efeitos acontecendo após aplicação, o paciente não se torna radioativo, podendo realizar atividades do dia a dia normalmente.
Quais as principais finalidades da radioterapia?
O tratamento com radioterapia pode ser realizado de forma exclusiva ou concomitante ao uso de quimioterapia, imunoterapia, terapias-alvo e/ou hormonioterapia. Sua utilização contempla diversas finalidades:
- Radical: Nesta modalidade a radioterapia é a principal modalidade terapêutica
- Neoadjuvante: A radioterapia é utilizada antes do tratamento principal (ex. Cirurgia), como uma forma de preparação.
- Adjuvante: A radioterapia é utilizada após o tratamento principal, como uma forma de prevenção
- Paliativa: A radioterapia é utilizada para aliviar sinais e sintomas (ex. dor, sangramento)
Quais são os efeitos colaterais da radioterapia?
Por ser um tratamento bem localizado, os efeitos colaterais variam de acordo com a área anatômica tratada, podendo apresentar:
Fadiga
Sensação de cansaço, que ocorre principalmente nos primeiros dias de sessões de tratamento.
Radiodermite
Alteração de pele ocasionada para interação da radiação com a pele, que se assemelha a exposições prolongadas ao sol.
Mucosite
Ocorre quando as células da mucosa (boca e trato gastro-intestinal) são lesionadas pelo tratamento, podendo ocasionar o surgimento de aftas. Muito visto nos tratamentos da região de cabeça e pescoço.
Disúria (ardência ao urinar)
Sensação semelhante a um quadro de infecção urinária, podendo vir associada ao aumento da frequência.
Alteração do trânsito intestinal (Diarreia, constipação, náuseas, vômitos)
Devido a irritação da mucosa intestinal.
O surgimento e intensidade desses sintomas variam com as particularidades de cada tratamento, e são monitorados de perto pela equipe de radio-oncologistas, a fim de identificar qual a melhor forma de tratá-los ao longo do curso da radioterapia.
Como é feita a radioterapia?
A radioterapia pode ser feita de duas formas:
Braquiterapia: técnica que tem como objetivo o posicionamento de uma fonte radioativa próxima à área de tratamento, com exposição do paciente à terapia por intervalos curtos de tempo, com auxílio de aplicadores específicos para cada região anatômica. Podemos utilizar auxiliada com exames de imagem de tomografia, ou ressonância magnética, para possibilitar planejamentos 3D, com melhor cobertura do tratamento e menor em estruturas próximas. Apesar de sua utilização nos mais diversos tipos de câncer, atualmente tem sua prática reservada especialmente para os tumores ginecológicos (colo do útero e útero), próstata, cabeça e pescoço e oftalmológica.
Radioterapia externa (Teleterapia): é aquela em que a fonte de radiação fica distante da área tratada e é a forma mais comum de entrega de dose de radiação. As máquinas que emitem esta radiação são os aceleradores lineares, Gamma-knife ou aceleradores de prótons (não disponíveis no Brasil).
A teleterapia requer um planejamento de tratamento, que pode ser realizado com várias técnicas. São elas:
Radioterapia conformacional
Técnica que elabora campos de tratamento os mais próximos possíveis dos volumes de tratamento permitindo uma visualização da dose de tratamento em três dimensões. Com a evolução tecnológica, sistemas computacionais complexos (sistemas para planejamento de radioterapia) calculam a dose que o paciente irá receber, de forma extremamente realista e com isso, técnicas de tratamento mais complexas surgiram para que as doses de radiação sejam o mais restritas possível na área a ser tratada, poupando as regiões normais em volta do tumor.
Radioterapia com Intensidade Modulada (IMRT - Intensity-modulated radiation therapy)
Técnica avançada que incorpora ao tratamento conformacional a possibilidade de modular a intensidade, assim criando doses de tratamentos que são individualizadas para cada volume de tratamento, com isso aumentando a precisão do tratamento e minimizando a dose nos órgãos saudáveis em volta.
Radioterapia com Arco Volumétrico (VMAT - Volumetric Modulated Arc Therapy)
Esta técnica permite a customização do tratamento empregada na técnica IMRT, com a possibilidade da realização em arco. Assim, o tratamento é realizado de forma contínua enquanto o acelerador linear rotaciona em volta do paciente, permitindo um tratamento ainda mais preciso e ágil.
Radiocirurgia Estereotáxica (SRS – Stereotatic Radiosurgery)
Desenvolvida na década de 50 pelo neurocirurgião Lars Leksell, no Instituto Karolinska em Estocolmo, incorporou técnicas de estereotáxia utilizadas em procedimentos de neurocirurgia para guiar campos de tratamento de radioterapia para lesões dentro do cérebro, permitindo entregas de altas doses em volumes precisos. Pode ser realizada pelos aceleradores lineares ou por máquinas especializadas como Gamma-knife.
Atualmente são realizadas com acessórios de mobilização mais cômodos e incorporadas as técnicas modernas para um tratamento mais seguro e confortável.
Radioterapia Estereotáxica Ablativa (SAbR – Stereotatic Ablative Radiotherapy ou SBRT – stereotatic body radiation therapy)
Descrita inicialmente em 1991 pela equipe de radioterapia do Instituto Karolinska, visa a realização de planejamentos de radioterapia seguindo princípios utilizados nas SRS em regiões anatômicas fora do cérebro.
Atualmente vem sendo amplamente estudada e empregada nos mais variados cenários, como pulmão, pâncreas, fígado, próstata, lesões ósseas e linfonodais, tanto no contexto de tratamento primário, como em casos metastáticos, e em associação com a imunoterapia.
Radioterapia Intraoperatória
Utilizada para alguns casos particulares, para realizar a entrega de dose no momento do procedimento cirúrgico, garantindo um direcionamento preciso para a área do leito cirúrgico, e com isso o uso de doses maiores de forma segura.
Para assegurar que as áreas de tratamento, com as tecnologias citadas, sejam de fato irradiadas conforme planejado pelo radio-oncologista, outras tecnologias foram criadas para avaliar a movimentação antes e durante o tratamento. Então, sistemas de imagem foram incorporados aos equipamentos de radioterapia para aumentar a eficiência do tratamento. A isto chamamos radioterapia guiada por imagem (IGRT – image guided radiation therapy). Esta ténica é incorporada às demais, em especial VMAT, e considerada fundamental para a realização de SRS e SAbR.
Utilizam-se imagens semelhantes à tomografia (Conebeam-CT), que permitem a visualização não somente do posicionamento do paciente, como também de variações dos órgãos próximos (ex: volume de bexiga durante os tratamentos de próstata), pode ser agrada a estudos de movimento que possibilitam o monitoramento da respiração (ex tratamento de lesões pulmonares).
Cada caso deve ser cuidadosamente avaliado por um radio-oncologista durante uma primeira avaliação, onde será definido qual a melhor indicação, técnica e número de aplicações baseado no tipo de câncer, mas principalmente nas particularidades do paciente.
Quais as etapas para realizar um tratamento de radioterapia?
Após a consulta de avaliação com o radio-oncologista, o paciente é submetido a preparo para o tratamento, denominado simulação. Primeiramente serão definidos os acessórios utilizados para imobilização confortável do tratamento na mesa de tratamento. São alguns exemplos de acessórios:
Máscara
Confeccionado a partir de um material termoplástico, é moldado no formado do rosto do paciente, e sua função é a imobilização da cabeça durante a aplicação, garantindo o conforto e a segurança. Utilizado especialmente para tratamento do sistema nervoso central e região de cabeça e pescoço.
Vacfix
Similar a um colchão a vacúo que se molda em volta do formato do corpo do paciente, sendo individual para cada caso, e garantindo a uma imobilização do corpo inteiro.
Acessórios de suporte
Variam de acordo com a região de tratamento, servido de apoio para cabeça, braços, perna e pés, visando trazer mais conforto para o paciente.
Após o posicionamento do paciente e confecção dos acessórios de imobilização, será realizada uma tomografia computadorizada na posição de tratamento. Aqui é muito importante a análise dos exames anteriores realizado, como PET-CT, tomografias ou ressonâncias, para definição acurada do volume de tratamento.
Em algumas situações clínicas, é importante analisar e monitorar o movimento da região de tratamento/órgãos normais. Para isso, utilizamos alguns equipamentos para avaliar este movimento:
- ABC/RGSC: Sistema que tem como finalidade a realização da aplicação em determinado momento do ciclo respiratório. Comumente utilizados para o tratamento dos tumores em mama esquerda, pulmão e casos selecionados de tumores abdominais.
- Clarity: Sistema de ultrassom que acompanha o movimento da próstata em tempo real, permitindo um tratamento mais preciso e seguro.
Após finalizar a simulação, serão feitas algumas marcações na pele para facilitar a reprodução deste posicionamento. As imagens da tomografia serão encaminhadas para o sistema de planejamento de radioterapia e será iniciado o planejamento do tratamento.
O planejamento é a etapa onde serão realizados os delineamentos dos volumes de tratamento e órgãos próximos, e em conjunto com a equipe da física médica (físicos especializados em radioterapia) é escolhida a melhor forma de entregar a dose necessária, ao mesmo tempo protegendo as estruturas próximas. Em geral após chegar ao melhor plano de tratamento para cada paciente, é necessário um controle de qualidade para assegurar que a radioterapia seja realizada com toda a segurança. É geralmente nesta fase que o médico define quantas sessões e a dose de tratamento proposta. O tempo de planejamento varia muito de caso a caso e com a técnica a ser utilizada
Após a aprovação do plano de tratamento pelo médico radio-oncologista, o tratamento é finalmente agendado. As sessões costumam ser diárias, até cinco vezes na semana, que duram de 15 a 30 minutos, de forma indolor e em salas especializadas. Alguns tratamentos de radiocirurgia podem ser realizados em dias alternados ou até mesmo em dose única.
Ressaltamos que a radioterapia moderna é totalmente individualizada e requer a análise adequada de cada indivíduo, com suas particularidades e cada tratamento é desenvolvido especificamente para cada pessoa. Caso tenha mais dúvidas ou curiosidades, agende uma consulta com um de nossos especialistas!
Sobre a Oncologia D’Or
Criada em 2011, a Oncologia D’Or é o projeto de oncologia da Rede D’Or, a maior empresa de saúde privada da América Latina, formada por clínicas especializadas no diagnóstico e tratamento oncológico e hematológico, com padrão de qualidade internacional e que, atualmente, está presente em diversos estados brasileiros e no Distrito Federal. O trabalho da Oncologia D’Or tem por objetivo proporcionar ao paciente com câncer os mais elevados padrões de excelência médica, além de um ambiente acolhedor e suporte humanizado. A área de atuação da Oncologia D’Or conta com uma extensa rede de clínicas, um corpo clínico de médicos especializados nas áreas de oncologia, radioterapia e hematologia, além de equipes multidisciplinares que trabalham em plena atuação em todas as linhas de cuidados, seguindo os moldes mais avançados de assistência integrada, proporcionando maior agilidade no diagnóstico e mais conforto e eficiência para o tratamento completo dos pacientes.