Estudos científicos apontam que artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjögren e esclerose sistêmica, doenças autoimunes, estão associadas à ativação de linfócitos T e B auto reativos e à liberação de citocinas pró-inflamatórias, substâncias que podem aumentar o risco de câncer.
Essa ligação tem incentivado médicos e pacientes a buscar tratamentos que minimizem o risco de desenvolvimento de tumores, reforçando a importância do acompanhamento médico regular.
Como as doenças autoimunes aumentam o risco de câncer?
Inflamação crônica: a inflamação persistente, típica em doenças autoimunes, pode causar danos celulares e modificações epigenéticas, favorecendo alterações que levam ao câncer.
Imunossupressão: muitos tratamentos para doenças autoimunes utilizam imunossupressores, que reduzem a capacidade do sistema imunológico de identificar e combater células malignas.
Alterações genéticas: algumas doenças autoimunes têm ligações genéticas que podem predispor ao desenvolvimento de câncer, devido a mutações em genes envolvidos na regulação do sistema imunológico.
Doenças autoimunes associadas ao risco aumentado de câncer
Outras doenças autoimunes têm sido associadas a um risco aumentado de câncer, como:
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES): pacientes com LES apresentam um risco aumentado de linfoma, além de maior propensão ao câncer de pulmão e fígado.
Artrite Reumatoide (AR): a AR, além de causar inflamação nas articulações, está associada a um aumento no risco de linfomas e câncer de pele.
Doença de Crohn e colite ulcerativa: essas doenças inflamatórias intestinais, que afetam o trato gastrointestinal, aumentam a probabilidade de câncer colorretal, principalmente devido à inflamação crônica.
Qual o impacto no tratamento do câncer?
As terapias oncológicas, como a quimioterapia, a radioterapia e os tratamentos imunoterápicos, são essenciais no combate ao câncer, mas para pacientes com doenças autoimunes, essas abordagens podem provocar respostas complexas e potencialmente adversas, exigindo um planejamento terapêutico cuidadoso.
- Quimioterapia e Efeitos em Doenças Autoimunes: a quimioterapia age destruindo células cancerígenas em rápida divisão, mas também afeta as células saudáveis, incluindo as do sistema imunológico. Em pacientes com doenças autoimunes, a quimioterapia pode não apenas agravar a imunossupressão, como também reativar a doença autoimune subjacente, gerando inflamação adicional nos tecidos.
- Radioterapia e Risco de Reações Autoimunes: a radioterapia, especialmente em áreas próximas aos órgãos envolvidos na resposta imunológica, pode exacerbar doenças autoimunes, como a esclerose sistêmica, que afeta tecidos conjuntivos e pele.
- Imunoterapia: Um Desafio para Doenças Autoimunes: a imunoterapia tem revolucionado o tratamento oncológico, mas em pacientes com doenças autoimunes, ela representa um grande desafio. Agentes imunoterápicos, como inibidores de checkpoints imunológicos (ex. anti-PD-1, anti-CTLA-4), trabalham estimulando o sistema imunológico para atacar o câncer. No entanto, isso pode desencadear a autoimunidade em pacientes predispostos ou exacerbar doenças autoimunes preexistentes, aumentando o risco de inflamação severa nos órgãos afetados, como fígado, pulmões e trato gastrointestinal.
A importância do acompanhamento médico
Dada a complexidade das respostas autoimunes em terapias oncológicas, é essencial uma abordagem multidisciplinar que inclua oncologistas, reumatologistas e outros especialistas pertinentes. Esse time multidisciplinar colabora para monitorar a resposta do paciente e ajustar os tratamentos para minimizar o impacto negativo no sistema imunológico e nas condições autoimunes subjacentes. Consultas frequentes permitem:
- Monitoramento contínuo: acompanhar regularmente a saúde do paciente possibilita a detecção precoce de sinais de câncer.
- Ajuste de tratamentos: médicos podem ajustar os tratamentos para controlar tanto a doença autoimune quanto o câncer, visando maximizar a eficácia e minimizar os riscos.
- Educação do paciente: o acompanhamento regular oferece uma oportunidade para educar o paciente sobre sinais de alerta e práticas para a gestão de suas condições.
- Suporte psicológico: lidar com múltiplas condições pode gerar impacto emocional significativo, tornando o apoio psicológico uma parte importante no manejo das condições.
Se você possui uma doença autoimune, discuta com seu médico a importância do acompanhamento regular e os cuidados necessários para a sua saúde. A vigilância adequada pode fazer uma diferença significativa na prevenção e no tratamento.