Entenda o câncer de bexiga, suas causas e seus fatores de risco e tratamentos

O câncer de bexiga é um dos tipos mais comuns de tumor do trato urinário, responsável por milhares de novos casos anuais em todo o mundo.

Esse câncer origina-se nas células que revestem a bexiga, um órgão essencial no armazenamento de urina. Embora o tratamento seja mais eficaz quando o diagnóstico é feito precocemente, o câncer de bexiga apresenta uma alta taxa de recorrência, demandando monitoramento constante dos pacientes após o tratamento. Os fatores de risco incluem hábitos de vida, como o tabagismo, e a exposição a substâncias químicas no ambiente de trabalho. O avanço nas opções de tratamento tem trazido novas perspectivas para o manejo da doença.

Como o câncer de bexiga se desenvolve?

O câncer de bexiga ocorre quando as células do órgão sofrem mutações genéticas que levam ao crescimento celular descontrolado, formando tumores. Existem diferentes tipos de câncer de bexiga, incluindo:

  • Carcinoma Urotelial (Células Transicionais): Este é o tipo mais comum, representando cerca de 90% dos casos. Ele se desenvolve nas células uroteliais que revestem o interior da bexiga, adaptando-se à expansão e contração causadas pelo armazenamento de urina.
  • Carcinoma de células escamosas: Representa aproximadamente 5% dos casos e surge após longos períodos de irritação ou infecção da bexiga, como devido a cálculos renais ou ao uso prolongado de cateteres.
  • Adenocarcinoma: Um tipo raro, responsável por menos de 2% dos casos, que se forma nas células glandulares da bexiga, as quais produzem muco.

Quais são as causas e os fatores de risco para o câncer de bexiga?

Diversos fatores contribuem para o desenvolvimento do câncer de bexiga, incluindo:

  • Tabagismo: O cigarro é o maior fator de risco, associado a cerca de 50% dos casos. As toxinas do tabaco são filtradas pelos rins e, quando armazenadas na bexiga, podem danificar as células uroteliais, aumentando o risco de câncer.
  • Exposição a Substâncias Químicas: Algumas ocupações expõem trabalhadores a produtos químicos carcinogênicos, como as aminas aromáticas presentes em tintas, couro, borracha, artigos petroquímicos e têxteis. A exposição prolongada pode levar a alterações celulares na bexiga.
  • Idade e Gênero: O risco de câncer de bexiga aumenta com a idade, sendo mais comum após os 55 anos, e os homens têm uma chance quatro vezes maior de desenvolver a doença em comparação às mulheres.
  • Infecções Urinárias Crônicas: A irritação contínua da bexiga devido a infecções recorrentes ou ao uso prolongado de cateteres pode elevar o risco de tumores de células escamosas.

Quais são os sintomas do câncer de bexiga?

Os sinais e sintomas do câncer de bexiga podem ser confundidos com outras condições do trato urinário, como infecções ou cálculos renais, o que muitas vezes atrasa o diagnóstico. Os principais sintomas incluem:

  • Hematúria (sangue na urina): Este é o sintoma mais comum, e a urina pode ter coloração avermelhada, marrom ou conter sangue apenas detectável em exames.
  • Dor ao urinar: A micção dolorosa ou com sensação de queimação pode ocorrer, especialmente em estágios avançados.
  • Necessidade frequente de urinar: O paciente pode sentir necessidade frequente de urinar, ainda que com volume reduzido de urina.
  • Dor pélvica ou nas costas: Nos estágios avançados, o câncer pode causar dor nessas regiões.

Quais são os tratamentos para o câncer de bexiga?

O tratamento varia de acordo com o estágio da doença, o tipo de câncer e a condição geral de saúde do paciente. As principais abordagens incluem:

  • Cirurgia:

Ressecção transuretral (RTU): para casos iniciais, em que o câncer está restrito ao revestimento interno da bexiga, é comum a remoção do tumor por meio de um cistoscópio (um tubo fino com uma câmera) inserido pela uretra. Esse procedimento minimamente invasivo permite que o cirurgião retire o tumor sem a necessidade de grandes incisões.

Cistectomia parcial ou radical: nos casos mais avançados, pode ser necessária a remoção parcial ou total da bexiga (cistectomia). Em uma cistectomia radical, o cirurgião também pode remover órgãos próximos, como a próstata (nos homens) e o útero (nas mulheres). Após a remoção da bexiga, é necessária a criação de uma nova forma de armazenamento e eliminação da urina, seja por meio de uma bolsa externa, seja de uma “neobexiga” interna feita a partir de parte do intestino.

Imunoterapia: No estágio inicial, uma forma de imunoterapia chamada BCG (Bacilo Calmette-Guérin) pode ser aplicada diretamente na bexiga. A BCG é uma bactéria usada para estimular o sistema imunológico a atacar as células cancerígenas. Em casos avançados, é uma das principais inovações no tratamento do câncer de bexiga, medicamentos imunoterápicos como o pembrolizumabe e o atezolizumabe têm sido usados para ajudar o sistema imunológico a reconhecer e suprimir as células cancerígenas.

Quimioterapia: pode ser administrada tanto antes da cirurgia (quimioterapia neoadjuvante), para reduzir o tamanho do tumor, quanto após a cirurgia (quimioterapia adjuvante), para eliminar células cancerígenas remanescentes. Em cânceres avançados, é o tratamento principal.

Radioterapia: a radioterapia pode ser uma opção para pacientes que não podem ser submetidos à cirurgia ou como tratamento complementar à quimioterapia, especialmente em casos avançados. A radioterapia também pode ser usada para aliviar sintomas, como a dor, quando o câncer se espalha para outras partes do corpo.

Prevenção e detecção precoce do câncer de bexiga

A prevenção passa pela redução dos fatores de risco, como o abandono do tabagismo e a adoção de protocolos de segurança por trabalhadores expostos a substâncias químicas. A detecção precoce é crucial para melhorar o prognóstico, sendo recomendados exames de cistoscopia e testes de urina para grupos de risco e pessoas com sintomas suspeitos.

O diagnóstico e o tratamento precoces do câncer de bexiga podem aumentar consideravelmente as chances de sucesso e, embora as opções de tratamento estejam em constante evolução, a conscientização e o monitoramento regular ainda são as principais armas na luta contra a doença.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

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