A importância da vacinação nas infecções virais e bacterianas
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que aproximadamente 15% dos casos de câncer no mundo são causados por infecções virais e bacterianas. A relação entre esses agentes infecciosos e o desenvolvimento do câncer é complexa e multifacetada.
As infecções virais e bacterianas representam um desafio significativo para a saúde pública em todo o mundo, não apenas pela morbidade e mortalidade diretas que causam, mas também pelo potencial de contribuir para o desenvolvimento do câncer e demais doenças crônicas.
O reconhecimento do papel desses agentes infecciosos na carcinogênese é essencial para a implementação de estratégias eficazes de prevenção e controle do câncer.
Nesta oportunidade, iremos explorar o exploraremos o papel das infecções por HPV (papilomavírus humano), hepatite B e C, Helicobacter pylori e outros agentes infecciosos na carcinogênese, bem como a importância da vacinação e prevenção dessas infecções e consequentemente das potenciais doenças oncológicas relacionadas à eles.
Quais são os agentes infecciosos que têm importante relação com o desenvolvimento do câncer?
Papilomavírus humano (HPV): responsável pelo câncer de colo de útero em mais de 90% dos casos, além do câncer de vagina, vulva, ânus, pênis e orofaringe (garganta). A vacinação de prevenção ao HPV é a principal forma de evitar o desenvolvimento dessas doenças. A vacinação pode reduzir em até 87% as taxas de câncer de colo do útero. A recomendação do Ministério da Saúde é que a vacina seja aplicada em dose única para meninos e meninas de 9 a 14 anos. Além do mais para adultos não vacinados na infância, a vacina também é oferecida pelo SUS até os 45 anos, no entanto, nessa faixa etária são recomendados os esquemas vacinais com duas ou três doses.
Hepatite B e C: são infecções virais que podem ser responsáveis pelo desenvolvimento de câncer de fígado (hepatocarcinoma) em até 60% dos casos. A vacinação contra a hepatite B é crucial para prevenção e está no calendário vacinal da criança mas pode e deve ser dada em adultos não vacinados ou não soroconvertidos num esquema de três doses (0, 1 e 6 meses). E a prevenção do tipo C é realizado por meio de cuidados em saúde visto que a contaminação se dá por meio de agulhas contaminadas, sexo sem proteção, parto sem profilaxias, transfusões de sangue (muito raro hoje em dia) ou materiais contaminados com sangue como alicates de unha.
Helicobacter pylori: esta bactéria é um dos principais microrganismos envolvidos no desenvolvimento de úlceras gástricas e está associada ao aumento de câncer de estômago. Essa bactéria é pesquisada através de testes via endoscopia digestiva alta e quando encontradas devem ser tratadas com antibióticos específicos com o objetivo de erradicar a bactéria podem reduzir o risco de desenvolver o câncer no estômago.
Vírus Epstein-Barr: associado ao linfoma de Burkitt, à doença de Hodgkin e ao câncer de Nasofaringe. Até o momento, o tratamento do vírus em si não mostrou ter impacto no tratamento desses tumores. Esse vírus geralmente é o responsável pela mononucleose infecciosa (infecção de garganta) de pouca morbidade e que se resolve espontaneamente. Também não há vacinas direcionadas à ele.
HIV (vírus da imunodeficiência humana): a infecção pelo vírus do HIV confere aos pacientes maior imunossupressão, o que proporciona maior risco de infecções pelos outros vírus listados acima e portanto maior risco de desenvolver esses tumores. Além disso, também vale comentar o maior risco de infecção pelo herpesvírus humano-8 (HHV-8), causando o sarcoma de Kaposi. É importante ressaltar que o próprio tratamento contra o HIV reduz drasticamente a incidência dessas neoplasias.
Por que as infecções no geral podem causar câncer?
As infecções virais e bacterianas podem causar câncer de diversas maneiras:
Integração do material genético do vírus ao DNA da célula, o que pode levar à ativação de oncogenes ou desativação de genes supressores de tumor.
Indução de mutações no DNA, que podem alterar o comportamento das células e levar ao desenvolvimento de um tumor a partir de uma exposição.
Criação de um ambiente inflamatório, que pode favorecer o crescimento e a proliferação de células cancerígenas.
Como garantir a prevenção dessas infecções?
A prevenção das infecções virais associadas a possíveis desenvolvimento de tumores desempenha um importante papel em evitar essas neoplasias. Conheça as principais medidas:
Vacinação: as vacinas de prevenção ao HPV e à Hepatite B são altamente eficazes na prevenção de infecções virais e consequentemente do câncer associado a esses vírus. A vacinação em idade precoce, antes do início da atividade sexual, é fundamental para obter os máximos benefícios da vacina para prevenção do HPV. Da mesma forma, a vacinação contra o vírus da Hepatite B deve ser administrada na infância para prevenir a infecção crônica pelo vírus. Todas essas vacinas fazem parte do calendário vacinal do Ministério da Saúde e estão disponíveis de forma gratuita para população nas idades indicadas conforme citados no texto acima.
Rotina: exames de rotina quando indicados devem ser feitos para pesquisa de infecções como HPV, Hepatite B e C seguida de tratamento adequado e rápido quando necessário. Essa estratégia é essencial para prevenir a progressão de lesões pré-malignas e malignas. Além disso, quando encontrado a infecção de por H. pylori em exame de rotina ou em exame por sintomas o seu tratamento eficaz pode reduzir significativamente o risco de desenvolvimento de câncer gástrico.
Educação e conscientização: educar o público com informações sobre as infecções virais e bacterianas associadas ao câncer, bem como sobre as medidas de prevenção disponíveis, é fundamental para aumentar a conscientização e a adesão às práticas preventivas, como as expostas aqui.
Quais são os principais tratamentos para infecções virais?
O tratamento das infecções virais e bacterianas relacionadas ao câncer depende do tipo de agente infeccioso e do estágio da doença. As principais linhas de tratamento são:
- Antibióticos: para combater infecções bacterianas.
- Antivirais: para combater infecções virais.
- Terapia antiviral de alta atividade: para tratar a hepatite B e C e HIV.
Na Oncologia D’or, o paciente recebe atendimento integral para educação, conscientização e tratamentos dessas eventuais infecções. Dispomos de uma rede ampla de profissionais e métodos diagnósticos nesse contexto. Converse com seu médico, pergunte sobre seu calendário vacinal e entenda mais.