Smartwatches podem salvar vidas?
Eles oferecem monitoramento preciso da frequência cardíaca e identificação confiável de arritmias. Mas apenas um já foi validado em estudos científicos
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Os smartwatches evoluíram de simples dispositivos de rastreamento para aliados da saúde. Estudos científicos recentes confirmam que o uso de smartwatches é altamente eficaz no monitoramento da saúde cardiovascular.
Os “relógios inteligentes” oferecem monitoramento preciso da frequência cardíaca, identificação confiável de arritmias e permitem a personalização de alertas, resultando em respostas rápidas dos usuários. A análise contínua de dados também revela benefícios em longo prazo, contribuindo para a redução dos fatores de risco cardiovasculares.
Neste artigo vamos abordar como esses dispositivos, por meio do monitoramento da saúde cardiovascular, têm o potencial de salvar vidas. Continue lendo.
Os smartwatches no monitoramento da frequência cardíaca
Os smartwatches deixaram de ser apenas relógios, hoje são também ferramentas de vigilância da saúde. O monitoramento contínuo da frequência cardíaca é uma característica fundamental que permite a detecção precoce de irregularidades. Essa capacidade constante de vigilância pode alertar os usuários sobre potenciais problemas cardíacos, permitindo a busca por ajuda médica antes que a situação se agrave.
Dr. Tayene Quintella, membro da equipe de Arritmia, Eletrofisiologia e Estimulação Cardíaca da Rede D’Or no Rio de Janeiro, esclarece que há diversos dispositivos capazes de registrar o ritmo cardíaco por meio de derivação eletrocardiográfica. Porém o médico destaca que até onde se tem conhecimento, apenas o dispositivo da Apple foi submetido a testes e validado por estudos científicos registrados na Food and Drug Administration (FDA), entidade que atua nos EUA, com ação equivalente à da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no Brasil.
O cardiologista afirma que existem inúmeros estudos publicados na literatura médica que avaliam o uso dessa tecnologia no diagnóstico de arritmias cardíacas. Dr. Quintella aponta o The Apple Heart Study como um dos principais estudos que avaliam a eficácia do dispositivo.
O estudo mostrou evidências sobre a capacidade de um algoritmo de smartwatch identificar irregularidades e variabilidade de pulso que podem refletir uma Fibrilação Atrial, por exemplo. “Atualmente já podem ser encontradas revisões sistemáticas que avaliaram simultaneamente vários estudos em busca de uma conclusão coletiva”, destaca.
Como o smartwatch funciona para monitoramento do coração
O especialista explica que inicialmente o funcionamento dos dispositivos baseava-se na emissão de pulsos de LED/Infravermelho para detectar o fluxo sanguíneo e calcular a frequência cardíaca, embora não tivessem registro eletrocardiográfico.
“Atualmente existem dispositivos que conseguem fazer a captação do sinal através de uma diferença de potencial elétrico entre dois polos de contato, geralmente o punho e um dedo da outra mão em contato com a carcaça do aparelho, conseguindo dessa forma registrar uma derivação muito semelhante à do eletrocardiograma tradicional”, descreve.
Segundo o especialista, o traçado de eletrocardiograma (ECG) gerado por esses dispositivos é feito pela diferença de potencial elétrico entre duas superfícies (o punho onde está o relógio e normalmente um dedo da outra mão), gerando uma derivação semelhante ao que é chamado de D1 no ECG convencional. “Como ele só é capaz de gerar uma derivação e o ECG tem no mínimo 12 derivações, ele ainda não substituiu o eletrocardiograma tradicionalmente realizado em clínicas e hospitais”, alerta.
Esses dispositivos atualmente estão validados e mais avançados na busca pelo ritmo normal do coração, também conhecido como ritmo sinusal, e na avaliação de casos possíveis de Fibrilação Atrial. “A Fibrilação Atrial é a arritmia sustentada mais comum do mundo, responsável por grande quantidade do número de acidentes vasculares cerebrais isquêmicos (AVCI) de origem cardíaca (embólica)”, ressalta o médico.
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Contudo, assim como qualquer outro sistema, os smartwatches podem apontar dados incorretos em suas avaliações automáticas. “Quando o registro gerado pelo dispositivo é analisado por um médico habilitado, a chance de sucesso aumenta consideravelmente”, declara.
Tem sido cada vez mais comum que nos consultórios de cardiologistas e arritmologistas os especialistas orientem os seus pacientes a fazer uso dos smartwatches. “A busca ativa por arritmias, principalmente a Fibrilação Atrial, e ainda a correlação de sintomas com possíveis arritmias, recebeu uma grande ajuda com essa tecnologia, sendo inclusive recomendada por diretrizes técnicas das sociedades nacionais e internacionais de cardiologia”, destaca Dr. Quintella.
Embora os smartwatches ofereçam uma ferramenta valiosa para monitoramento cardíaco, a interpretação final dos resultados e as decisões clínicas devem ser feitas por profissionais de saúde qualificados. O ECG do smartwatch é uma funcionalidade complementar e não deve substituir exames médicos regulares.
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