A menopausa afeta a saúde do coração. Entenda as mudanças hormonais e os fatores de risco cardiovasculares e saiba como proteger seu coração na menopausa
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A menopausa é uma fase natural na vida de uma mulher que geralmente ocorre entre os 45 e 55 anos. Durante esse período, o corpo passa por uma série de mudanças hormonais, incluindo a diminuição dos níveis de estrogênio.
Enquanto muitas pessoas associam a menopausa a sintomas como ondas de calor e alterações no humor, é importante também considerar o impacto dessa transição na saúde cardiovascular.
As mudanças hormonais que ocorrem durante a menopausa podem ter efeitos significativos no coração. O estrogênio é um hormônio feminino que desempenha um papel protetor no coração e nos vasos sanguíneos. Ele atua na manutenção da elasticidade dos vasos sanguíneos, no controle do colesterol, protege contra inflamações e inibe a coagulação sanguínea.
De acordo com a Dra. Mariana Tortelly, Supervisora da Cardiologia do Hospital Niterói D’Or, o estrogênio protege a mulher de eventos como o infarto e o AVC no decorrer da sua fase reprodutiva.
Durante a menopausa, os níveis de estrogênio diminuem significativamente, o que pode levar a uma perda desses efeitos protetores, por esse motivo, as mulheres podem ficar mais suscetíveis a problemas cardiovasculares.
Nesse texto vamos explicar o que acontece com o coração na menopausa e dar dicas de como diminuir os impactos dessa fase natural na vida da mulher. Continue lendo e saiba mais.
O último estudo do Global Burden of Disease, do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), apontou que apesar da taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares ser comparável em ambos os sexos, é possível observar que as mulheres podem ser mais suscetíveis a determinadas mudanças e disfunções no sistema cardiovascular.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, mostram que um terço das mortes de mulheres no mundo são relacionadas a doenças cardiovasculares, correspondendo a mais de 23 mil óbitos por dia. No Brasil, principalmente acima dos 40 anos, as cardiopatias chegam a representar 30% das causas de morte entre as mulheres, sendo a maior taxa da América Latina.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é maior entre as mulheres, correspondendo a 26,4% das entrevistadas, enquanto os homens com essa condição correspondem a 21,1%.
Durante a menopausa, quando a produção do estrogênio naturalmente se encerra, as mulheres perdem um aliado importante de proteção. A diminuição dos níveis desse hormônio contribui para o aumento dos níveis de colesterol total e LDL, conhecido como “colesterol ruim”, resultando no endurecimento das artérias e no aumento da pressão arterial.
Nesse período, é também comum observar o aumento da circunferência abdominal, acúmulo de gordura visceral, ganho de peso e elevação dos níveis de açúcar no sangue. “Todos esses fatores aumentam a chance de complicações cardiovasculares, podendo elevar em até 30% o risco de infarto nas mulheres nessa fase”, destaca Dra. Mariana.
– Tabagistas;
– Mulheres com menopausa precoce (antes dos 40 anos);
– Mulheres com histórico de complicações gestacionais como HAS, eclâmpsia ou pré-eclâmpsia;
– Sedentárias;
– Obesas;
– Diabéticas;
– Com histórico familiar para doenças cardíacas;
– Portadoras de doenças autoimunes como Lúpus e Artrite Reumatóide.
“Nessas situações devemos estar mais atentos e redobrar os cuidados após a menopausa”, diz.
A menopausa pode ser acompanhada por uma série de sinais e sintomas que indicam possíveis alterações cardiovasculares. É importante estar atento a esses sinais e procurar orientação médica se eles ocorrerem:
– Palpitações;
– Aceleração dos batimentos cardíacos;
– Elevação dos níveis tensionais (pressão alta);
– Cansaço ou falta de ar;
– Tonteira;
– Desmaios;
– Dor no peito.
Os hábitos saudáveis são fundamentais para proteger o coração durante a menopausa e, assim, manter a saúde cardiovascular.
A Dra. Mariana Tortelly elenca algumas medidas que podem ajudar a reduzir o risco de problemas cardíacos nesse período:
– Evite o tabagismo;
– Reduza o consumo de álcool;
– Realize atividade física regular;
– Adote uma dieta equilibrada rica em frutas e legumes;
– Gerencie o estresse e a ansiedade;
– Melhore a qualidade do sono.
“Todas essas ações irão ajudar na qualidade de vida e a prevenir o aparecimento de complicações nessa fase da vida da mulher. Importante também se consultar com um cardiologista e realizar exames complementares, caso se faça necessário por volta dos 40 anos ou até antes nos grupos de maior risco”, conclui.
Você está na menopausa? Agende uma consulta com um de nossos especialistas para avaliar o seu risco pessoal e desenvolver um planejamento de prevenção para a sua saúde cardiovascular.
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