Inverno: estação aumenta riscos de infarto e AVC
O frio aumenta riscos de infarto e AVC, saiba quais são as razões para a relação entre o inverno e o aumento dos riscos para a saúde cardiovascular e como se prevenir.
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O frio do inverno causa várias alterações no corpo; as baixas temperaturas dessa estação podem, inclusive, influenciar em riscos para a saúde cardiovascular e contribuir para a ocorrência de infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC), principalmente em pacientes já portadores de doenças cardiovasculares.
Dr. João Petriz, coordenador do Serviço de Cardiologia no Hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro, alerta que dados da literatura médica indicam que o impacto de temperaturas abaixo de 15°C no risco de infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular cerebral (AVC) é significativo.
De acordo com o especialista, a cada redução de 5°C na temperatura, há um aumento de aproximadamente 5% no risco de morte por doenças cardiovasculares, e esse risco pode persistir por várias semanas.
“Informações recentes do maior estudo realizado até o momento sobre associação de temperaturas extremas e causas de mortalidade cardiovascular, envolvendo 5 continentes, 27 países incluindo o Brasil e 567 cidades (registros de 1979-2019), demonstrou que o frio foi o fator mais impactante, estando associado ao aumento de 33% do risco de morte por infarto ou doença coronariana, 32% para AVC e 37% por insuficiência cardíaca”, relata.
Neste artigo abordaremos quais são as razões para a relação entre o inverno e o aumento do risco de infarto e AVC, quais os fatores de risco para a ocorrência desses episódios de infarto e AVC no inverno e como prevenir esses quadros na estação mais fria do ano. Continue lendo e saiba mais.
O inverno e o aumento dos riscos de infarto e AVC
No frio, o funcionamento do coração pode ser afetado de várias maneiras devido às mudanças fisiológicas que ocorrem no organismo. Essas alterações podem ser determinantes para a ocorrência de infarto, também conhecido como ataque cardíaco, ou AVC.
De acordo com Dr. João Petriz, no corpo humano existem sensores de temperatura localizados na pele que são ativados quando expostos ao frio intenso. Esses sensores desencadeiam uma série de respostas fisiológicas para ajudar a manter a temperatura corporal adequada. Essas respostas podem causar:
- Contração das artérias: os sensores de temperatura ativados no frio intenso sinalizam para as artérias se contraírem, em um processo chamado vasoconstrição. Essa resposta ajuda a conservar o calor corporal, redirecionando o fluxo sanguíneo para áreas centrais do corpo;
- Aumento da pressão arterial: a vasoconstrição das artérias induzida pelo frio intenso pode levar a um aumento da pressão arterial. Isso ocorre porque o fluxo sanguíneo é redirecionado para áreas mais essenciais, como o coração e o cérebro, resultando em uma maior demanda de trabalho do coração para fornecer sangue e oxigênio suficientes a esses órgãos.
- Aceleração dos batimentos cardíacos: O frio intenso também pode ocasionar o aumento dos batimentos cardíacos. Essa resposta é uma tentativa do corpo de compensar a vasoconstrição e garantir um suprimento adequado de sangue e oxigênio para os tecidos corporais.
Essas adaptações fisiológicas ocorrem como mecanismos de defesa naturais do corpo humano para lidar com o frio intenso. “Essas modificações geram um aumento importante do esforço realizado pelo coração e redução do fluxo de sangue e oxigênio para esses órgãos vitais”, completa o especialista.
Nas baixas temperaturas, o organismo adota diversas medidas para se adaptar e manter a temperatura interna adequada e garantir o funcionamento adequado dos órgãos vitais. Dr. João Petriz aponta o que pode ocorrer quando uma pessoa tem exposição prolongada ao frio intenso:
- espasmo das artérias que irrigam o coração ou cérebro;
- rompimento de placas de gordura que podem causar obstrução dos vasos sanguíneos;
- aumento da viscosidade do sangue;
- ativação da inflamação no corpo por ação direta do frio ou mediada pela ocorrência mais comum de infecções respiratórias no inverno.
Ele aponta que esses efeitos também são reconhecidos como fatores de risco para eventos coronarianos e AVC.
Fatores de risco para infarto e AVC no inverno
O médico aponta que fatores socioeconômicos, tais como condições de moradia ou ocupacionais, são relevantes para a ocorrência de infartos e AVC, pois aumentam de forma significativa a exposição ao frio e variações de temperatura.
Ainda segundo o especialista os riscos de infarto e AVC no inverno também podem ser preocupantes para:
- idosos;
- diabéticos;
- fumantes;
- hipertensos;
- obesos;
- portadores de doenças cardiovasculares.
“Aqueles já portadores de doenças cardiovasculares possuem maior ocorrência de AVC ou infarto e precisam estar atentos ao seu maior risco em condições de baixas temperaturas”, alerta Dr. João Petriz.
Além disso, no inverno as pessoas tendem a se tornar menos ativas fisicamente, acabam ingerindo menos líquido e adotando hábitos alimentares menos saudáveis, o que contribui ainda mais para o risco de complicações cardiovasculares nessa estação.
Recomendações para a saúde cardíaca no inverno
Dr. João Petriz afirma que é possível prevenir ou reduzir ao máximo o risco de infarto ou AVC no inverno. Para isso é importante adotar algumas medidas para cuidar da sua saúde cardíaca:
- Não se exponha ao frio intenso: “mantenha-se aquecido quando realizar qualquer atividade em ambiente externo”, indica o especialista.
- Prepare-se para o inverno: “é importante que o acompanhamento, a revisão médica e as devidas medidas preventivas para sua saúde cardiovascular estejam equilibradas e aptas para a prática de atividade física regular já antes do início do inverno”, destaca.
- Pratique exercício no inverno: “quando liberado pelo seu médico, você pode praticar exercícios, mas é importante o uso de roupas adequadas que aqueçam o corpo sem bloquear a transpiração e que evitem exposição prolongada em temperaturas menores que 14ºC”, alerta o médico.
- Evite exageros durante o inverno: “o excesso de comida, sal e álcool podem ocasionar descontrole da pressão arterial, dos níveis de glicose e descompensar pessoas com insuficiência cardíaca”, ressalta Dr. Petriz.
- Atente-se à sua hidratação: “neste período é comum sentir menos sede, portanto tenha atenção com a sua hidratação”, descreve.
No inverno, é possível desfrutar da estação ao mesmo tempo em que se protege dos riscos associados ao frio. Dr. Petriz orienta que o primeiro passo que o paciente deve dar é revisar sua saúde por meio de consultas médicas regulares. Certificando-se de que está em boas condições seguindo sempre as orientações indicadas pelo médico.
Além disso, manter uma alimentação equilibrada é muito importante durante essa estação. Consuma uma variedade de alimentos saudáveis, como frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras. Isso fornecerá os nutrientes necessários para manter seu corpo saudável e fortalecer seu sistema cardiovascular.
No que diz respeito ao aquecimento, esteja atento à sua proteção contra o frio. Vista-se adequadamente, usando roupas quentes e em camadas para manter o calor corporal. Certifique-se de manter sua casa aquecida e evite exposição prolongada a temperaturas extremamente baixas.
Apesar do frio, você ainda pode ser produtivo e realizar atividades gratificantes no inverno. No entanto, é essencial tomar os devidos cuidados para preservar sua saúde, estando atento para evitar os riscos de infarto e AVC.
Caso necessário, não hesite em buscar ajuda médica. Conte com a maior rede de clínica de cardiologia, hospital de cardiologia e cuidado de emergência cardiovascular do Brasil.
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