Saiba o que é a acidose metabólica, quais são os sintomas e causas da doença, além de conhecer o tratamento adequado para a condição
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A acidose pode ser reversível com o tratamento certo. Algumas vezes, mudanças alimentares simples já são capazes de solucionar o problema – a dieta do pH, por exemplo, promete equilibrar a acidez do corpo prevenindo várias doenças e até ajudando a emagrecer. Em outros casos, medicamentos prescritos precisam entrar em ação.
O nosso corpo é um sistema extremamente complexo onde muitas reações bioquímicas acontecem ao mesmo tempo em um equilíbrio próximo da perfeição. Um desses componentes é o pH e qualquer alteração – mesmo pequena – no pH do sangue pode afetar a saúde.
Vamos conferir mais detalhes sobre a acidose metabólica e como reequilibrar o pH do organismo.
Para que nossa saúde esteja equilibrada, é preciso que a acidez no corpo também se encontre em equilíbrio. Caso o pH do corpo se torne muito ácido ou muito alcalino, problemas sérios de saúde como a acidose metabólica podem se desenvolver.
A acidose é um termo usado para se referir a altos níveis de ácido no organismo que podem ser causados por vários problemas de saúde que podem desequilibrar o pH do sangue. Tal acidose pode ser causada por dificuldades respiratórias, por uma dieta específica, pelo uso de medicamentos ou por problemas renais.
Aqui, vamos tratar especificamente da acidose metabólica, que acontece quando os rins não conseguem eliminar toda a acidez em excesso do corpo ou quando eles acabam eliminando muita base, deixando o pH mais ácido do que o normal.
Antes de tudo, precisamos entender o que é o pH. O pH é uma escala que serve para medir a acidez de uma solução ou sistema, que vai de 0 a 14. O pH é considerado neutro quando é igual a 7; acima de 7 o pH é alcalino (ou básico) e abaixo de 7 o pH se torna ácido.
O pH do nosso sangue normalmente fica em torno de 7,35 a 7,45 – que é levemente alcalino e bem próximo do pH neutro. A alteração para um pH ácido pode sobrecarregar alguns órgãos na tentativa de se livrar do ácido extra para restaurar o pH ideal. Pulmões e rins são capazes de eliminar o ácido em excesso e regular o pH sozinhos, mas caso a acidose seja muito acentuada, tais órgãos ficam sob grande pressão e o risco de complicações sérias de saúde aumenta.
De acordo com a American Association for Clinical Chemistry, a acidose é caracterizada por um pH igual ou menor que 7,35. Apesar da variação parecer ser muito leve, grandes variações no pH não acontecem no corpo humano pois existe um efeito tampão que reequilibra rapidamente qualquer mudança na acidez do corpo e evita a ocorrência de complicações graves.
Quando esse sistema falha, mesmo as pequenas alterações no pH dos fluidos corporais já são suficientes para causar problemas de saúde que merecem atenção – e um deles é a acidose metabólica.
Quando há qualquer desequilíbrio de pH no corpo, os rins são capazes de remover o ácido em excesso através da urina, mas se houver algum problema renal pré-existente como a insuficiência renal aguda ou a insuficiência renal crônica, pode ser que a acidez extra não seja eliminada como deveria e sintomas de acidose metabólica podem surgir.
Nem sempre os sintomas de acidose metabólica são observados, mas quando ocorrem, os sinais da doença costumam ser os seguintes:
Dor de cabeça; Fadiga ou fraqueza; Perda de apetite; Confusão mental; Sonolência; Icterícia; Frequência cardíaca elevada; Náusea e vômito; Hálito com cheiro de fruta; Dificuldade para respirar.
Na presença de qualquer um dos sintomas acima, é recomendado consultar um médico para que o diagnóstico correto seja feito.
Na acidose metabólica, a acidez excessiva se dá por causa de um problema no metabolismo, que pode ser desencadeado por diversas condições de saúde, como diabetes e diarreia grave, por exemplo.
Ainda não é claro se são essas condições de saúde que causam a acidose metabólica ou vice versa, mas o fato é que uma parece piorar a outra e com certeza elas estão relacionadas. Já são conhecidas algumas formas principais de acidose metabólica, que incluem:
Acidose diabética
Atinge pessoas com diabetes não controlada. Nesse caso, o corpo acumula cetonas no corpo que acabam acidificando o sangue.
Acidose hiperclorêmica
Ocorre quando há uma perda de bicarbonato de sódio, que é uma base importante para manter a neutralidade do sangue. Esse tipo de acidose metabólica pode ser agravado por episódios de vômito ou diarreia intensa.
Acidose láctica
A acidose láctica se dá quando existe um excesso de ácido lático no corpo que pode ser desencadeado pelo uso crônico de álcool ou pela prática frequente de exercícios intensos. Outras possíveis causas são a insuficiência cardíaca, o câncer, as convulsões, a insuficiência hepática, os baixos níveis de açúcar no sangue ou a falta de oxigênio no corpo por tempo prolongado.
Acidose tubular renal
Esse tipo de acidose acontece quando os rins não são capazes de eliminar ácidos por meio da urina.
Outras causas
Desidratação grave ou uso de certos medicamentos também podem aumentar a acidez do sangue.
Além das possíveis causas mencionadas acima, alguns fatores de risco para a acidose metabólica podem ser:
Dieta rica em sal, gorduras e proteínas animais e pobre em frutas e legumes; Problemas renais; Uso descontrolado de aspirina; Obesidade; Desidratação; Condições de saúde pré-existentes como a diabetes ou a síndrome de Sjögren.
Sem tratamento, a acidose metabólica pode causar complicações de saúde que merecem nossa atenção. As possíveis complicações são:
Perda óssea ou osteoporose
Isso acontece porque quando os rins e os pulmões não conseguem remover o excesso de ácido no corpo, o organismo começa a retirar cálcio dos ossos para neutralizar tentar neutralizar o ácido. A perda de cálcio dos ossos pode aumentar o risco de fraturas.
Progressão da doença renal
Danos renais como pedras nos rins ou doença renal crônica podem ocorrer. Além disso, se você já tiver um problema renal ele pode piorar por causa da acidose metabólica.
Quanto mais ácido se acumular no seu organismo, mais a sua função renal é prejudicada e quanto mais a sua função renal é afetada, mais ácido se acumula. É um ciclo que se repete sem o tratamento adequado.
Perda muscular
A albumina é uma proteína essencial que ajuda na construção e manutenção de músculos saudáveis. A acidose metabólica pode reduzir a quantidade de albumina sintetizada no corpo, levando à perda de massa muscular.
Distúrbios endócrinos
Problemas no sistema endócrino causados pela acidose podem resultar em alterações hormonais que levam à resistência à insulina, à diabetes e à cetoacidose diabética. Também pode ocorrer o crescimento inadequado em crianças e adolescentes uma vez que a liberação do hormônio do crescimento também pode ser afetada.
Outros problemas: Sinais de inflamação no corpo como inchaço, dor e vermelhidão; Acumulo de proteínas amiloides que podem prejudicar as articulações e órgãos como o cérebro; Aumento do risco de morte por causa de todas as complicações.
Para saber como tratar a acidose metabólica, é preciso fazer o diagnóstico correto que envolve uma série de exames de sangue como o teste de gasometria venosa ou arterial que, dentre outras coisas, serve para determinar os níveis de gases como o oxigênio e o dióxido de carbono no sangue.
Também pode ser solicitado um painel metabólico para avaliar o funcionamento dos rins e o equilíbrio de pH do organismo, além de verificar os níveis de proteínas, cálcio, eletrólitos e de açúcar no sangue. Também é importante fazer um exame de urina para verificar a acidez da urina. Todos esses exames são importantes para diferenciar a acidose respiratória da acidose metabólica e determinar o melhor tratamento.
Quando o médico não consegue determinar a causa exata da acidose, ele pode indicar o uso de bicarbonato de sódio para elevar o pH do sangue. Esse tratamento pode ser adotado para tratar qualquer tipo de acidose. Geralmente, o tratamento é feito por via oral ou por meio do gotejamento intravenoso de bicarbonato.
Isso geralmente funciona porque baixos níveis de bicarbonato no sangue podem ser a causa do desequilíbrio de pH no organismo. Por ser considerado um composto alcalino, o bicarbonato pode servir para ajudar a neutralizar o excesso de ácido no sangue.
Se o médico souber a causa da acidose metabólica, é possível adotar um tratamento mais específico e eficiente para cada caso.
Tratamento para acidose hiperclorêmica: bicarbonato de sódio administrado por via oral. Tratamento para acidose causada por insuficiência renal: citrato de sódio. Tratamento para acidose em diabéticos: fluidos intravenosos e insulina para restaurar os níveis de pH. Tratamento para acidose láctica: pode envolver o uso de suplementos de bicarbonato, fluidos intravenosos, oxigênio ou antibióticos.
O bicarbonato de sódio é o composto alcalino mais comumente indicado para restaurar os níveis de pH normais no sangue, mas outros compostos básicos como o citrato de cálcio, o carbonato de cálcio e o acetato de cálcio também podem ser administrados. Aproveite para conferir outros benefícios do bicarbonato de sódio para a saúde.
Algumas medidas podem reduzir o risco de ter acidose metabólica. As principais são:
Beber bastante água e outros líquidos para se manter bem hidratado; Controlar os níveis de açúcar no sangue para evitar complicações da diabetes como a cetoacidose; Evitar o consumo abusivo de bebidas alcoólicas pois isso pode contribuir para o acúmulo de ácido láctico e para o desequilíbrio do pH.
O tratamento precoce colabora com a recuperação adequada e evita danos permanentes nos rins.
Adotar uma dieta com menos alimentos processados e mais alimentos in natura e minimamente processados também auxilia tanto na prevenção quanto no tratamento da acidose metabólica, além de colaborar para a preservação da sua saúde geral.
Sobre Dr. Lucio Pacheco
Dr. Lucio Pacheco se formou em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na área de transplantes na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 2010. Dr Lucio Pacheco é um profundo estudioso na área de doença hepática e escreveu dezenas de livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico – cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D’Or e do Hospital Copa D’Or. É diretor médico do Instituto de Transplantes. Tem vasta experiência na área de Medicina, com ênfase em Transplante hepático, atuando principalmente nos seguintes temas: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia,e transplante de fígado. Dr. Lucio é uma referência profissional em sua área e autor de artigos científicos diversos.
Artigo de Dr. Lúcio Pacheco para o Mundo Boa Forma