Congelamento de óvulos: quando fazer, como funciona e principais benefícios

O congelamento de óvulos é um procedimento médico que permite preservar os óvulos de uma mulher para uso futuro. Por meio dele, eles são coletados e armazenados em laboratórios em temperaturas extremamente baixas.

Essa técnica é uma solução eficaz para mulheres que desejam adiar a maternidade por motivos pessoais, profissionais ou médicos, como tratamentos que possam comprometer a fertilidade, incluindo quimioterapia.

O processo de congelamento de óvulos ocorre em etapas e envolve cuidados especializados.

• Estimulação ovariana: a mulher passa por um tratamento hormonal que estimula os ovários a produzir múltiplos óvulos em um único ciclo menstrual. Durante esse período, são realizados exames de ultrassom e análises hormonais para monitorar o desenvolvimento dos folículos;
• Coleta dos óvulos: quando os folículos atingem o tamanho ideal, é realizada uma punção ovariana para coletar os óvulos. Esse procedimento é minimamente invasivo e geralmente feito sob sedação, durando cerca de 15 a 30 minutos.
• Congelamento dos óvulos: os óvulos maduros são selecionados e submetidos a um processo chamado vitrificação. Essa técnica utiliza resfriamento ultrarrápido, que impede a formação de cristais de gelo, preservando a integridade das células;
• Armazenamento: os óvulos congelados são armazenados em tanques de nitrogênio líquido a -196 °C, onde podem permanecer por tempo indeterminado até que a mulher decida utilizá-los.

O procedimento pode ser recomendado para diferentes situações:

• Adiar a maternidade: mulheres que desejam postergar a gravidez por motivos pessoais ou profissionais e querem preservar a fertilidade para o futuro;
• Condições médicas: pacientes que precisam passar por tratamentos que podem prejudicar a fertilidade, como quimioterapia ou radioterapia;
• Endometriose: a doença pode afetar a reserva ovariana, e o congelamento é uma maneira de preservar os óvulos antes que a fertilidade seja comprometida;
• Diminuição da fertilidade com a idade: a qualidade dos óvulos diminui ao longo do tempo, especialmente após os 35 anos. O congelamento em idade mais jovem oferece melhores chances de sucesso em uma futura fertilização

A idade ideal para congelar óvulos é entre 20 e 35 anos, quando a qualidade e a quantidade dos óvulos são melhores. Apesar de ser possível realizar o procedimento em mulheres acima de 35 anos, a taxa de sucesso pode ser menor devido à redução da reserva ovariana e ao declínio natural da qualidade. Por isso, quanto mais cedo for realizado o congelamento, maior será a probabilidade de obter óvulos viáveis no futuro.

Os óvulos podem ser armazenados por tempo indeterminado. Estudos mostram que a qualidade dos óvulos vitrificados permanece praticamente inalterada, mesmo após anos de congelamento. Isso significa que a mulher pode utilizá-los quando decidir engravidar, independentemente do tempo transcorrido.

Quando a mulher decidir utilizar seus óvulos congelados, eles serão descongelados e fertilizados em laboratório por meio da fertilização in vitro (FIV).

Após a fertilização, os embriões resultantes serão transferidos para o útero, onde poderão se implantar e dar início à gravidez. É importante lembrar que o sucesso do procedimento depende de fatores como a qualidade dos óvulos no momento do congelamento e a saúde reprodutiva da mulher na ocasião da transferência.

Sim, o procedimento é considerado seguro tanto para a mulher quanto para os óvulos congelados. Com os avanços na técnica de vitrificação, as taxas de sucesso na sobrevivência dos óvulos após o descongelamento são muito altas, com qualidade semelhante à dos óvulos frescos.

O custo do congelamento de óvulos pode variar de acordo com a clínica e os serviços incluídos. Em geral, o procedimento envolve os gastos com a estimulação hormonal, a coleta dos óvulos e o armazenamento anual em nitrogênio líquido.

Embora o investimento inicial seja significativo, muitas mulheres consideram o congelamento uma oportunidade valiosa para preservar a fertilidade e aumentar as chances de uma futura gravidez.

Embora aumente significativamente as chances de gravidez no futuro, ele não garante 100% de sucesso

A cobertura por planos de saúde no Brasil depende do motivo pelo qual o procedimento será realizado. De acordo com a legislação vigente (Lei dos Planos de Saúde – Lei nº 9.656/1998),

os planos são obrigados a cobrir tratamentos relacionados à preservação da fertilidade em casos de doenças que possam comprometer a função reprodutiva, como o câncer.

Por exemplo, se a paciente necessita congelar óvulos devido a tratamentos médicos como quimioterapia ou radioterapia, o plano de saúde pode cobrir o procedimento, desde que haja recomendação médica. No entanto, quando o congelamento é realizado por motivos sociais ou pessoais (como o desejo de adiar a maternidade), essa cobertura geralmente não é oferecida.

Embora o congelamento de óvulos seja considerado seguro, o processo pode causar alguns efeitos colaterais, especialmente durante a etapa de estimulação ovariana. Os principais são:

1 – Efeitos relacionados à estimulação hormonal:

• Inchaço abdominal;
• Alterações de humor;
• Sensibilidade nos seios;
• Retenção de líquidos;
• Desconforto leve ou moderado no abdômen.

2 – Risco de síndrome de hiperestimulação ovariana (SHO): em raros casos, a estimulação pode causar uma resposta exagerada, levando à síndrome de hiperestimulação ovariana. Os sintomas incluem dor abdominal intensa, náuseas, vômitos, dificuldade para respirar e retenção de líquidos.

3 – Efeitos da punção ovariana: após a coleta dos óvulos, algumas mulheres podem sentir dor leve na região pélvica, cólicas ou apresentar pequenos sangramentos vaginais. Esses sintomas costumam desaparecer em poucos dias.