Da esquerda para a direita, Herton Escobar (USP), Roberto Lent (IDOR/UFRJ) e Igor Sacramento (UFRJ/Fiocruz).

Sinapses, novo evento mensal do IDOR, traz especialistas de diversas áreas para um debate informal sobre temas atuais.

Para Platão, o diálogo é a maior forma de ensino e de aprendizagem, sendo portanto a maneira mais completa de se adquirir e de gerar conhecimento. São as inserções, os contrapontos e as perguntas que realmente movem a sociedade e todas as suas (cons)ciências.

Promovendo o diálogo sobre diversas questões atuais, o IDOR inaugurou o evento Sinapses, papo com especialistas, que tem como objetivo trazer cientistas e peritos de outras áreas para debater de maneira informal temas atuais da sociedade. O evento, com formato de mesa redonda, é inteiramente aberto à inserção do público e suas sessões mensais serão transmitidas ao vivo no canal do IDOR no Youtube.

Nesta primeira sinapse, o tema foi “Fake News: ciência e pseudociência”. Com moderação do pesquisador do IDOR, Dr. Roberto Lent, os debatedores convidados foram Igor Sacramento e Herton Escobar. Ambos jornalistas de formação, Sacramento é professor dos Programas de Pós-Graduação de Comunicação da UFRJ e da Fiocruz, especializado em temas envolvendo comunicação, historicidades e saúde, enquanto Escobar trabalha em campo e é especializado na cobertura de ciência e meio ambiente, sendo também vinculado à USP e à revista científica Science, como colaborador internacional.

O debate se iniciou com a necessidade de popularização da ciência para o combate às falsas informações científicas que circulam nas redes sociais. Sacramento comentou que o boato e a fofoca são inerentes à nossa sociedade, e que a magnitude que se encontram hoje muito se deve ao surgimento da internet e a quebra da hierarquia na capacidade circulante do discurso de cada um. Fora isso, o pesquisador também afirma que vivemos em uma era de pós-verdade, onde muitas vezes as experiências pessoais estão surpassando o valor dos argumentos científicos na sociedade.

Herton Escobar complementa afirmando que as Fake News possuem um apelo que as matérias científicas tradicionais não têm. Elas são persuasivas, populares, diretas e são disseminadas em grande volume, sendo este último um aspecto difícil de ser combatido por jornalistas, já que matérias profissionais exigem maior estudo e, portanto, mais tempo de produção.

O Dr. Roberto Lent trouxe ao debate o fato das fake news serem compartilhadas por personalidades do governo, o que trouxe para a plateia adendos sobre dogmas religiosos que também estão sendo praticados abertamente em gerências que deveriam ser laicas no Estado. A busca por estabelecer os limites da religião nas práticas governamentais mostrou também um sentimento compartilhado de que a ciência sofre uma crise de credibilidade no país, e a pergunta levantada foi como combater as informações falsas ou indevidas, no momento em que vivemos.

Para Sacramento, esta luta sempre será pela educação de base no país, por uma estrutura que não apenas informe mas que torne as pessoas em cidadãos críticos, estimulando o questionamento acerca das informações que recebem. Para Escobar, uma outra ação mais imediata seria aprender com as fake news para divulgar informações confiáveis de forma mais atrativa, apostando na divulgação científica como um aspecto importante por parte dos cientistas e pesquisadores.  

Vários outros temas foram debatidos na sinapse, entre eles os movimentos antivacina, as crenças terraplanistas e recomendações de saúde que são compartilhadas em redes sociais. Se quiser conferir a íntegra do debate, confira a transmissão em nosso canal do Youtube!

Escrito por Maria Eduarda Ledo de Abreu.