Dificuldades econômicas após a crise podem agravar problemas de saúde mental.
Existe uma epidemia silenciosa que acomete os seres humanos desde as primeiras sociedades. As dificuldades em erradicá-la transformaram o assunto em tabu até recentemente, quando as comunidades de psicólogos e psiquiatras chamaram a atenção para o fato de que evitar o assunto não é uma forma de prevenção, mas que falar corretamente sobre esse problema de saúde pública pode salvar muitas vidas. É por essa razão que no Brasil, desde 2015, diversas instituições adotam a campanha do Setembro Amarelo, movimento nacional para prevenção dos suicídios, ou mortes por desespero.
Com a pandemia do novo coronavírus, os profissionais da saúde acenderam mais um sinal amarelo, alertando para a necessidade de começar a evitar, agora, os diversos problemas mentais que a crise sanitária pode trazer, mesmo depois de seu fim. Segundo um documento da Organização Mundial da Saúde (OMS) para prevenção do suicídio, questões socioeconômicas, desemprego e estresse social são fatores agravantes para o número de casos, e estes cenários que já estão ocorrendo no momento devem persistir no pós-pandemia. Além disso, com as medidas de isolamento atuais, a população de risco fica ainda mais fragilizada, pois muitas pessoas sofrem com o distanciamento de entes queridos ou são atormentadas na convivência em um lar abusivo.
Segundo uma publicação do Well Being Trust, fundação norte-americana de promoção à saúde mental, a taxa de desemprego, o isolamento social e as incertezas herdadas deste período podem aumentar o número de mortes por desespero nos Estados Unidos entre 27 mil e 150 mil casos nos próximos 10 anos. O estudo ressalta que esses dados não são argumentos para afrouxar medidas de contenção da pandemia, como o distanciamento social, mas sim para estimular a adoção de políticas públicas e iniciativas sociais para evitar o problema.
Entre as soluções propostas, os autores ressaltam que o combate ao desemprego deve ser uma prioridade, o que pode ser alcançado, entre outras ações, com capacitação da população desempregada para suprir as novas necessidades de serviço demandadas pela pandemia. O investimento e incentivo ao acompanhamento da saúde mental também é imprescindível às pessoas, além de que o compromisso com a transparência e entrega de informações verdadeiras pode amenizar a sensação de incerteza, diminuindo o desespero e a falta de perspectiva trazida pela mudança de rotina mundial.
O Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), em uma de suas iniciativas do Ciência IDOR contra a Covid-19, está com projetos de monitoramento da saúde mental de brasileiros e de profissionais de saúde durante a pandemia, já que estes são uma das populações mais afetadas por estresse e burnout, fatores agravantes da possibilidade de mortes por desespero. Em nossas redes sociais e notícias, já publicamos também dicas do nosso psicólogo e pesquisador Ronald Fischer, com atividades e exercícios que podem ajudar a reduzir sentimentos negativos durante o isolamento.
Se você sente que necessita de maior suporte emocional neste momento ou conhece alguém que dê sinais de que precisa de ajuda, entre em contato ou indique o Centro de Valorização da Vida, iniciativa governamental e gratuita que está disponível para oferecer apoio emocional a qualquer pessoa, e pode ser contatada por chat, e-mail ou ligando para o número 188. Neste momento, é muito importante que estejamos mais atentos a nós mesmos e às pessoas ao nosso redor, mesmo que remotamente. O afeto e a escuta podem salvar vidas.
Escrito por Maria Eduarda Ledo
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