A eficácia de medidas de mitigação para o controle da progressão da epidemia pelo SARS-CoV-2, como suspensão de aulas, ainda está em análise. Apesar de terem estratégias de contenção distintas China e Coreia do Sul diminuíram a taxa de crescimento do total de casos confirmados; outros países também apresentam redução da taxa de crescimento que aparentemente não se relacionam com nenhuma estratégia de contenção específica. Por isso, pesquisadores analisaram as medidas de contenção mundiais do COVID-19 até o dia 17 de março de 2020.
Para isso, mapearam informações publicadas pela grande mídia sobre as medidas tomadas pelos países que estão enfrentando a COVID-19 há mais tempo e compararam os dados de casos confirmados, para analisar a influência dessas medidas nas curvas de crescimento de alguns países, como China e Coreia do Sul.
A partir do dia 23 de janeiro, a China restringiu a circulação da população, que só poderia sair de casa para emergências, comprar comida e ir ao trabalho, dentre outras medidas. A província de Hubei fechou fronteiras de 16 cidades, devido a confirmação de 444 casos de COVID-19. No mês de janeiro, a propagação da doença subiu em escala exponencial, mas em fevereiro, uma transição para um período de desaceleração da curva e posterior suavização é vista a partir da 2ª semana do mês. Em uma escala de dias, considerando a data da medida de contenção como dia zero, as quebras estruturais na curva de crescimento do número total de casos confirmados aconteceram, em 11 e 20 dias na província de Hubei, e em 8 e 16 dias no resto da China.
Diferente das medidas da China, as estratégias da Coreia do Sul tiveram início quase imediato, após a identificação dos primeiros 16 casos. No dia 4 de fevereiro, o país fechou fronteiras para passageiros advindos de Hubei, China; e no dia 20 de fevereiro, a recomendação de isolamento foi dada à população. Juntamente, o país executou testagem dos habitantes para identificar os casos, e pedir isolamento para os casos positivos. Neste caso, a suavização da curva começa a ocorrer já no início de março, o que mostra que as quebras estruturais na curva de crescimento do número total de casos confirmados aconteceram em 8 e 14 dias.
Casos como Itália e Espanha, têm sua curva subindo exponencialmente até o momento. Se ressalta que não se consegue analisar de forma clara as medidas de contenção, pois as mesmas estão sendo implementadas ainda. No caso da Itália, estas medidas iniciaram-se depois que o país teve um número expressivo de casos confirmados, e até agora não se pode ver grande efeito de tais estratégias: fechamento de escolas (04/03) e fronteiras (07/03), e quarentena (09/03); pois o número de casos não para de crescer.
Na Espanha, as medidas de contenção foram feitas em momentos diferentes em três províncias analisadas. Enquanto La Rioja e País Basco tomaram medidas no 3º e 4º dia após os 50 primeiros casos detectados, Madrid tomou medidas apenas no 7º dia. As duas primeiras províncias têm evolução de casos bem mais lenta do que outras regiões, o que mostra a efetividade do isolamento social.
No caso do Brasil, foram analisados principalmente os estados do RJ e SP; o primeiro tomou medidas de isolamento no dia 17 de março, enquanto o segundo no dia 18 de março. É importante ressaltar que o número de casos no estado de SP era 5 vezes maior que o número de casos do RJ, mas o estado só resolveu suspender as aulas a partir dia 23 de março, enquanto o RJ suspendeu as mesmas no dia 16 de março.
O estudo conclui que há indícios de que medidas de isolamento e quarentena empregadas pela China (exceto Hubei), Hubei e Coréia do Sul tenham sido efetivas na redução das taxas de crescimento dos casos de COVID-19. Pela evolução da epidemia observada nesses países e a exemplo de outros países, a efetividade destas medidas torna-se perceptível após uma ou duas semanas de sua aplicação. Itália e Espanha tomaram medidas tardiamente, o que não impediu o crescimento da propagação da COVID-19. Assim, se mostra claro que o Brasil deve seguir as medidas de controle da epidemia nacionalmente, para que hajam resultados positivos quanto à disseminação do vírus.
Escrito por Luiza Mugnol Ugarte