Um estudo realizado em parceria com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), publicado na revista científica Cell & Bioscience demonstrou alterações proteicas no sistema nervoso que podem estar envolvidas com começo da esquizofrenia.
Os pesquisadores utilizaram três modelos experimentais para avaliar a esquizofrenia em ambiente nervoso, sendo eles: células não-diferenciadas de pessoas com esquizofrenia, neurônios jovens e organoides cerebrais, este último possui perfil biológico e organização estrutural semelhantes ao cérebro humano. Dessa forma, foi possível observar que as vias de produção de proteínas são impactadas pela doença nos diferentes modelos.
Durante as análises, cerca de 6 mil proteínas foram identificadas e dentre elas 1163 se mostraram em quantidades alteradas nessas amostras. Devido a isso, moléculas e processos essenciais para a formação de proteínas estavam reduzidos ou com defeitos, podendo causar danos em processos do desenvolvimento, como o crescimento, amadurecimento celular e a formação de sinapses, ou seja, alterações nas comunicações neuronais.
Em estudos anteriores, utilizando cérebros póstumos de pacientes, também foram encontrados dados semelhantes aos apresentados nos modelos experimentais do atual estudo. Esse fato demonstra que o estudo in vitro é capaz de representar eventos semelhantes ao cérebro de pacientes e consolida a pressuposição de que a esquizofrenia é uma doença relacionada ao neurodesenvolvimento.
A utilização de estruturas, como os organoides cerebrais, é um mecanismo bastante representativo para o estudo de doenças neurais, visto que é inviável a obtenção de amostras cerebrais dos pacientes vivos. Os organoides produzidos em laboratório possuem comportamento e organização semelhante ao órgão cerebral humano.
Os pesquisadores destacam que com o aumento de pesquisas e investimentos, esse modelo experimental poderia auxiliar no desenvolvimento de tratamentos individuais dos pacientes com esquizofrenia. Com os organoides, seria possível entender o comportamento da doença para cada paciente e avaliar o uso de tratamentos e medicamentos de forma personalizada para o indivíduo. Além disso, também poderiam ser utilizados para a elaboração de métodos para identificar a doença nos estágios iniciais. O próximo passo desse estudo é avaliar se ao alterar nos níveis de proteínas específicas, semelhante aos níveis do grupo controle, poderia reverter a progressão da doença.
Escrito por Manuelly Gomes
Supervisão: Maria Eduarda Ledo de Abreu