Estudo mostra que crianças de até 10 anos de idade transmitem Sars-CoV-2 em ambientes escolares.
A questão da volta às aulas é preocupante, pois os pequenos podem tornar-se vetores de contaminação à medida que convivem, e por consequência, entram em contato com outras pessoas em escolas e creches. O efeito cascata se concretiza a partir do primeiro contágio, pois a probabilidade de contaminação é grande, visto que a distância entre as crianças é difícil de ser controlada. Ademais, em alguns casos, as características clínicas de crianças internadas por Covid-19 são preocupantes, como relata estudo publicado pelo IDOR.
Desde o início da pandemia, é falado que crianças podem contaminar outros com facilidade, porém até agora tínhamos apenas dados limitados sobre o tema. Uma publicação recente mudou este cenário: foram coletados dados de três surtos de Covid-19 em creches de Utah, nos Estados Unidos, entre abril e julho deste ano. O Sistema Nacional de Vigilância de Doenças Eletrônicas de Utah – EpiTrax – mantém os registros de contatos dos pacientes contaminados com seus conhecidos, e a partir disso calcula um índice de ligação epidemiológica. O Dados do Bem, em parceria com o IDOR, faz trabalho semelhante no Brasil.
O início da transmissão é contada com 2 dias de antecedência ao aparecimento de sintomas na pessoa contaminada. O índice de contágio, então, é definido pelo contato mínimo de 15 minutos e de até 1,8 metro de distância entre um indivíduo saudável e um contaminado por Covid-19. O dado também salva informações demográficas, sintomas, exposições, testes e o período de monitoramento/isolamento de cada indivíduo. A partir desse sistema, os autores da publicação analisaram o rastreamento de contato de crianças e seus familiares, estudando um totas de 184 pessoas. Entre essas pessoas, encontrou-se 31 casos confirmados de Covid-19, 13 (42%) eram crianças – que apresentaram sintomas leves ou nenhum sintoma.
Segundo o estudo, 12 crianças se contaminaram em creches e contaminaram pelo menos mais 12 pessoas entre seus contatos fora da creche; o contágio também foi observado em duas de três crianças assintomáticas, confirmadas com Covid-19. Claramente, como afirmam os autores, os dados mostram que crianças podem em muito contribuir para a transmissão do Sars-Cov-2 em seus contatos domésticos.
Por isso, a testagem se faz primordial para o planejamento de volta às aulas. Testes mais baratos e rápidos estão sendo desenvolvidos para tornar o processo de mapeamento de contaminados mais acessíveis para os governos. Independentemente dos sintomas, a testagem é oportuna porque ajuda na prevenção da transmissão. Ademais, o uso de máscara juntamente com a higiene das mãos, limpeza e desinfecção de superfícies de contato frequente, e permanecer em casa se estiver com os sintomas da Covid-19, são regras que seguem primordiais na contenção da pandemia. Somente assim, com testagem e planejamento poderemos voltar às aulas com segurança.
Por Luiza Mugnol Ugarte
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