Depois da Itália, país é o maior epicentro de contaminação da Europa.
Depois das mais sombrias notícias sobre a Itália, a pandemia de coronavírus (COVID-19) também protagonizou outros cenários trágicos na Europa. Nesta semana, o New York Times (NYT) fez uma matéria completa sobre os desafios enfrentados na Espanha, principalmente em relação à sua equipe hospitalar e da área de saúde, que foi consideravelmente afetada pela COVID-19.
A maior insegurança não é apenas a diminuição da força de atendimento do país, mas também o medo de que os próprios profissionais médicos estejam disseminando a doença para pacientes, colegas de trabalho e família. Segundo a matéria do NYT, dos 40.000 casos confirmados de coronavírus na Espanha, quase 14% são profissionais da saúde, o que resulta em cerca de 5.400 médicos e enfermeiros.
Este cenário parece se espalhar por toda a Espanha, desde a capital até cidades menores. Em Madrid, um dos maiores hospitais teve que isolar 6% de sua força de trabalho por causa de casos confirmados; já na Catalunha, um pequeno hospital assistiu um terço de seus 1.000 funcionários deixarem o posto por conta da COVID-19.
A realidade fica ainda mais pavorosa quando o resto da cidade entra na análise. Com profissionais escassos e casos em uma ascendente, locais como casas de repouso foram evacuadas e os militares convocados para desinfectar essas instalações encontraram idosos abandonados ou mortos em suas camas, caso que está levando a Espanha a abrir uma investigação sobre o ocorrido. Para o grande número de mortos, 2.700 nesta terça-feira (24/03), um rinque olímpico de patinação foi adaptado para servir como necrotério emergencial.
Segundo relato de especialistas e profissionais da saúde envolvidos, o país falhou em diversos pontos da contenção da pandemia. O primeiro foi o atraso em impor medidas de restrição à circulação de pessoas. Mesmo quando a tragédia se desenvolvia na Itália, o governo esperou até 14 de março para declarar um estado de emergência e alertar à população sobre os cuidados necessários. O segundo erro foi não preparar as equipes de saúde para a pandemia, inclusive não aumentando o estoque de equipamentos médicos desde o início. Os grupos médico e de enfermagem tiveram que trabalhar com escassez de máscaras, luvas e outros equipamentos essenciais, o que foi uma das principais razões pela qual a doença se espalhou entre esses profissionais.
No momento, o número de casos na Espanha está dobrando a cada quatro dias e o país, por enquanto em segundo lugar, está caminhando para se tornar o próximo epicentro de contágio na Europa. Além de oferecer todo o apoio possível à Espanha neste momento, a lição que os outros países podem absorver é que, para receber a pandemia em seus territórios, o sistema público de saúde é essencial à vida da humanidade e deve estar sempre muito bem preparado, não apenas para esta, mas para outras crises na saúde mundial, que com certeza virão.
Escrito por Maria Eduarda Ledo.