Confira tudo o que aconteceu na 3ª realização da Jornada de Ensino do IDOR.
Quinta-feira passada, 28 de novembro de 2019, ocorreu a III Jornada de Pós-Graduação do IDOR. O evento anual busca compartilhar o avanço dos doutorandos com outros alunos e pesquisadores do IDOR, além de trazer palestras relacionadas como parte do programa.
A abertura do evento foi realizada pela Dra. Celeste Elia, coordenadora do Programa de Doutorado do IDOR, que convidou 4 doutorandos de diferentes áreas de pesquisa para apresentarem o desenvolvimento de seus trabalhos. O primeiro a apresentar foi o doutorando André da Luz Moreira, que apresentou a pesquisa que vem desenvolvendo sobre as doenças inflamatórias intestinais (DII), junto com seus orientadores da medicina interna. O principal objetivo de sua tese é reunir informações sobre as DII no Brasil, analisando fatores como incidência e ocorrência do problema. Este estudo reúne fontes de grandes bancos de dados como o DataSUS e IBGE, sendo considerado uma das maiores pesquisas em desenvolvimento sobre o tema. Até o momento, Moreira já encontrou resultados como maior incidência das DII nas áreas mais urbanizadas e ao Sul do país, além de um notável crescimento na ocorrência de casos que, segundo o doutorando, ainda não são suficientes para caracterizar o Brasil como um país de alta prevalência, mas que a ascensão dos gráficos mostra que devemos atentar para a prevenção o quanto antes, tendo em vista o alto custo para a saúde pública.
A segunda apresentação foi ministrada pela doutoranda Nathalia Veiga Moliterno, que trouxe estudos acerca do uso de simulação realística no ensino de pediatria. Segundo a aluna, que também é professora na área de medicina, qualquer instituição de ensino que queira obter nota máxima na avaliação do MEC tem que atentar para as mudanças tecnológicas que estão ocorrendo no mundo e implementá-las em suas universidades. A simulação realística é um exemplo desses aparatos, no momento que ajudam os alunos a ganharem confiança enquanto desafiam sua capacidade clínica. No caso da simulação realística, em vez de apenas ensinar procedimentos, a exemplo da intubação, ela oferece todo um contexto clínico, que é preparado conjuntamente pelos professores e tem o propósito de estimular o médico a desenvolver suas habilidades de diagnóstico, dando a oportunidade de avaliar posteriormente seus erros e acertos no processo.
Após a apresentação de Moliterno, a palestra seguinte foi ministrada pela doutoranda Renée Sarmento, que retomou a área de medicina interna, desta vez com enfoque em cardiologia. O tema da doutoranda foca especificamente nas arritmias cardíacas relacionadas à doença de Chagas, inflamação causada por um parasita presente nas fezes do inseto Barbeiro. Segundo Sarmento, a doença é preocupante porque pode demorar anos para revelar os sintomas de insuficiência cardíaca, causando principalmente taquicardia ventricular, uma arritmia com chance considerável de morte súbita. Utilizando o PET-CT, combinação de 2 exames que sobrepõe imagens da estrutura do coração com o mapa funcional do órgão, a doutoranda busca correlacionar em sua tese a inflamação miocárdica com a gravidade das arritmias causadas pela doença de Chagas e entender se a carga parasitária é relevante nesse processo.
Em seguida, fechando as apresentações do Doutorado, a quarta e última palestra desta etapa representou a área de neurociências. Luiz Guilherme Hendrischky apresentou o andamento de sua tese acerca do uso de canabinoides para o tratamento da síndrome de Dravet, doença rara com alta taxa de mortalidade que causa ataques epilépticos repetitivos, principalmente em crianças até os 5 anos de idade. Nesta doença, os fármacos comumente usados no tratamento de epilepsia não surtem muito efeito, o que justifica o estudo de novas substâncias para o tratamento. O doutorando utiliza os canabinoides em células neurais produzidas no laboratório do IDOR, que são geradas a partir da reprogramação de células epiteliais retiradas da urina de pacientes. Até então, o projeto já identifica que o canabigerol, um tipo de canabinoide, apresenta uma atividade anti-inflamatória nos neurônios com a mutação de Dravet, resultado não alcançado até então por medicamentos tradicionais no país.
Em sequência às apresentações dos doutorandos, foi a vez de uma palestra sobre inovação no ambiente acadêmico. Os convidados para ministrar o tema foram os profissionais da K21, startup de inovação que oferece treinamentos para otimizações de empresa através do ensino de metodologias ágeis. O objetivo da apresentação era mostrar que mesmo na área de pesquisa existem processos que podem se beneficiar da inovação e da digitalização. Os palestrantes realizaram atividades interativas com os participantes da Jornada, estimulando o uso da criatividade e do trabalho em equipe. A palestra foi seguida por uma Mesa de Integração Científica, que realizou uma competição unindo doutorandas e doutorandos em 4 grupos junto aos pesquisadores do IDOR. O objetivo era discutir o desenho de um possível projeto que teria fundos ilimitados para ser executado. Os critérios de avaliação do grupo vencedor seriam questões como a viabilidade e relevância do projeto.
O grupo que levou o título mostrou como proposta a criação de uma terapia personalizada para dor crônica usando doses de LSD, uma droga psicodélica. O foco do projeto foi a dor devido a dados da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor mostrarem que a dor crônica é incapacitante e afeta cerca de 60 milhões de brasileiros, sendo que mais da metade não tem alívio dos sintomas, mesmo com tratamentos fortes, que muitas vezes incluem opioides. Ademais, o uso do LSD foi escolhido devido a dados da literatura médica que mostram que a substância alivia dores por um período maior do que outras drogas, enquanto o meio para se alcançar o objetivo da proposta seria via inteligência artificial, com a construção de um algoritmo usando modelos bayesianos de simples aplicabilidade no consultório.
Depois da entrega dos prêmios aos vencedores, a palestra de encerramento da Jornada recebeu o Professor Manuel Toro Sobrino, da Faculdade de Medicina de Sevilha, na Espanha, que é parceiro em diversos estudos do grupo de pediatria do IDOR . O convidado falou sobre a implementação de ultrassom a beira-leito em pediatria, equipamento que necessita de treinamento por parte da equipe pediátrica, mas que facilita em muito o diagnóstico de certas doenças, diminuindo o tempo da entrega dos resultados e facilitando o exame de imagens por sua portabilidade e possível conexão com smartphones e tablets. O professor mostrou diversos equipamentos para o procedimento, assim como imagens capturadas em casos reais na prática pediátrica. Ao fim da Jornada, alunos e pesquisadores se uniram a outros colaboradores do instituto para a festa de confraternização do IDOR , que ocorreu em seguimento ao evento.
Escrito por Maria Eduarda Ledo de Abreu.
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