Entre os dias 26 e 29 de junho aconteceu o Brain 2024: Congresso Cérebro, Comportamento e Emoções, no Rio de Janeiro. Perto de 5 mil participantes acompanharam a programação científica que integrou a ciência às áreas clínicas, explorando a interface entre as especialidades de neurociência, neurologia, psiquiatria e psicologia. 

O IDOR tem orgulho de ter contribuído para a realização deste encontro, a começar pelo comitê de presidência que contou com a participação da Dra. Fernanda Tovar-Moll, presidente do IDOR. Além disso, vários pesquisadores do Instituto se envolveram na preparação da agenda científica e participaram das atividades como palestrantes e moderadores de sessões. 

As participações de nossos neurocientistas

Na sessão de neurociência aplicada, o tema envolveu “A Fronteira do Conhecimento nas Neurociências”, com a Dra. Fernanda como moderadora e Dr. Stevens Rehen e o Dr. Jorge Moll Neto, como palestrantes. Dr. Stevens falou sobre a aplicações de organoides cerebrais (os mini-cérebros) para investigar os mecanismos de ação dos psicodélicos. Por outro lado, Dr. Jorge abordou sobre as bases cerebrais que envolvem a emoção humana e as experiências de transcendência.

No mesmo tópico de experiências humanas fora do comum, o IDOR teve uma sessão dedicada ao assunto, que contou com a moderação do Dr. Ronald Fischer e os palestrantes: Dr. Ricardo de Oliveira, falando sobre os aspectos neurológicos da transcendência; Dr. Everton Maraldi, palestrando sobre o histórico de pesquisas que envolvem as experiências transcendentais e as implicações na saúde, e o Dr. Jorge Moll Neto, abordando sobre “Consciência, Tempo e Transcendência: perspectivas da Pesquisa Cerebral para a Inteligência Artificial”. 

Dr. Roberto Lent fez apresentações sobre dois temas: a) bases neurocientíficas do aprendizado e como os conhecimentos adquiridos no laboratório podem ser levados para a realidade das escolas; b) conectividades do corpo caloso nas funções do nosso dia a dia. Ainda discutindo o corpo caloso, Dra. Fernanda falou sobre a plasticidade do cérebro nas malformações. 

Na mesa-redonda intitulada “Brain Technology, Research and Innovation”, Dra. Fernanda foi moderadora e Dra. Erika Rodrigues falou sobre neuromodulação e plasticidade cerebral, enquanto a Dra. Fernanda de Felice falou sobre a investigação de biomarcadores para a Doença de Alzheimer, as demências e também para depressão. Em outra oportunidade, a Dra. de Felice falou sobre os estudos mais recentes relacionados ao papel do exercício físico e da irisina para prevenir o declínio cognitivo. 

Outro pesquisador que participou de diversas sessões, tanto como moderador quanto palestrante, foi o Dr. Paulo Mattos, diretor clínico do CNA. Dentre os assuntos abordados, podemos citar “Saúde Mental da Criança e do Adolescente”, “Como fazer o diagnóstico de TDAH no adulto?” e também “Segurança cardiovascular dos psicoestimulantes”. 

Ainda falando da relação coração e cérebro, Dra. Renata Moll Bernardes foi moderadora da sessão “Os Olhos não Veem, mas o Coração Sente”, que contou com a participação do próprio Dr. Paulo e Dr. Denilson Albuquerque, falando sobre o risco cardiovascular em adultos. 

Dr. Luiz Eugênio Mello fez uma apresentação sobre a investigação de novos tratamentos, as fases de validação desde a hipótese até a formação de um ensaio clínico. Dr. Felipe Sudo falou sobre as intervenções neuropsiquiátricas nas demências. Dr. Leonardo Fontenelle abordou os aspectos entre o transtorno obsessivo compulsivo e a depressão maior.  

Dr. Sergio Ferreira palestrou em dois momentos: falando sobre o uso de terapia gênica para promover a promoção de anticorpos por neurônios, que se mostraram capazes de reduzir o acúmulo de placas beta-amilóides em camundongos; e falou sobre os mecanismos moleculares compartilhados na doença de Alzheimer, depressão e ansiedade. 

O Cérebro como um Tabuleiro: Explorando os Enigmas do Comportamento e da Razão 

O IDOR se envolveu na produção da sessão que contou com a participação do enxadrista e heptacampeão brasileiro Rafael Leitão. O xadrez exige memória, planejamento e visualização espacial, ativando algumas áreas específicas do cérebro.

Para entender o funcionamento cerebral do enxadrista nas diferentes etapas do jogo, Rafael Leitão foi trazido para os laboratórios do IDOR, mais especificamente ao Centro de Imagem e ao Laboratório de Neuromodulação. O escaneamento do cérebro do jogador foi mensurado pela ressonância magnética, espectroscopia do infravermelho próximo (fNIRS) e o eyetracker. Os padrões de ativação cerebral variam de acordo com a complexidade da tarefa e a experiência do jogador, destacando a importância do treinamento e da plasticidade cerebral. Os resultados foram mostrados durante a sessão através do vídeo produzido e também das apresentações dos palestrantes da sessão. 

Escrito por Manuelly Gomes
Revisão: Dr. Claudio Ferrari
Fotos: Carolina Valente e Dr. Stevens Rehen