O estudo analisa a necessidade hospitalar no estado do RJ até o dia 04 de abril.
Dentre as diversas ações governamentais para mitigar os transtornos causados pela pandemia do coronavírus (COVID-19), está a preocupação com a disponibilidade de recursos hospitalares para garantir o atendimento à população. Partindo deste ponto, pesquisadores do Instituto D’Or, Fiocruz e PUC-Rio calcularam o planejamento de recursos hospitalares para o combate à doença, com foco principal na necessidade e capacidade de leitos de internação disponíveis nos sistemas públicos e privados do estado.
O estudo, realizado pelo Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (NOIS), se baseou em dados hospitalares de influenza e pneumonia para estimar que pacientes internados por COVID-19 podem ter um tempo de permanência de cerca de 1 semana em leitos hospitalares, e de 10 dias em leitos de UTI. A estimativa para atendimentos na rede pública e privada foi calculada a partir de dados advindos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS, 2020). Enquanto 31% dos casos serão atendidos pela rede privada, 69% serão atendidos pelo SUS. A partir desses dados, foi possível estimar a necessidade de leitos no Rio de Janeiro, com demanda de 3.449 casos esperada para o Estado em 04/04/2020 (Figura 1), além de 276 leitos de UTI e 1.517 leitos de internação hospitalar.
Figura 1: Predição do número de casos de COVID-19 no Rio de Janeiro; cenários otimista, mediano e pessimista.
Dessa forma, dada a capacidade instalada de leitos de UTI e de leitos de internação hospitalar, o Estado do RJ seria capaz de absorver a demanda estimada para os casos com necessidade de internação por COVID-19. No entanto, parte dos leitos estará ocupada devido a internações de pacientes com outras enfermidades. Sendo assim, a rápida evolução da pandemia do COVID-19 requer ações ainda imediatas dos gestores do sistema público de saúde, para que a demanda seja suprida, tendo em vista que 5,8% da população brasileira depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS).
Por fim, este estudo apresenta duas principais limitações: 1) os cálculos foram projetados com base nas poucas informações dos casos existentes de COVID-19 no Brasil, por isso faz-se necessária a revisão dos números a partir de novas informações; e 2) foram usados dados da Itália para determinar o número de leitos necessários por caso de SARS-CoV-2, pois ainda não existem números suficientes no Brasil, impossibilitando mais análises comparativas.
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Escrito por Maria Eduarda Ledo de Abreu.