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IDOR e Entourage Phytolab iniciam parceria para desenvolver estudos pré-clínicos com Cannabis medicinal

IDOR e Entourage Phytolab iniciam parceria para desenvolver estudos pré-clínicos com Cannabis medicinal

Começando ainda este ano, as pesquisas possuem enfoque na ciência básica e buscam aprofundar as possibilidades anti-inflamatórias dos canabinoides no tecido nervoso

O Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e a Entourage Phytolab, pioneira no desenvolvimento de medicamentos à base de cannabis no Brasil, acabam de firmar uma parceria científica para pesquisar a ação dos diferentes compostos canabinoides nas células nervosas humanas. O objetivo é desenvolver estudos que permitam explorar futuramente diferentes possibilidades de tratamentos para epilepsia e para doenças como Alzheimer, Parkinson, dores de origem neuropática, entre outras.

A comunidade científica mundial está vendo na Cannabis grandes promessas de tratamento para algumas doenças graves da atualidade. No entanto, antes do desenvolvimento de qualquer produto, é necessário investir em pesquisa básica para saber até onde essas esperanças estão fundamentadas, e obter mais pistas sobre qual combinação de substâncias seria mais efetiva nestas doenças.

“A Entourage nasceu com a missão de democratizar o acesso a tratamentos à base de Cannabis no Brasil. Para isso, há cinco anos investimos em pesquisa brasileira para o desenvolvimento de produtos mais eficientes e a custos menores”, afirma Caio Santos Abreu, CEO da Entourage Phytolab. “Nosso primeiro medicamento chega ao mercado em 2021 e será usado no tratamento de epilepsia. A parceria com o IDOR nos apoiará no desenvolvimento de outros medicamentos, voltados para condições como dores e doenças inflamatórias crônicas”. Neste primeiro momento, o enfoque do projeto será a testagem de substâncias da Cannabis em células neurais, avaliando especialmente seu potencial de ação anti-inflamatória.

“O principal objetivo é compreender melhor os diferentes potenciais dessas substâncias e de suas diversas combinações. A partir desses primeiros resultados, poderemos selecionar os melhores caminhos de desenvolvimento terapêutico, que no futuro deverão evoluir para ensaios clínicos com nossos próprios medicamentos fitoterápicos”, diz Abreu.

Segundo o neurocientista do IDOR e professor da UFRJ, Stevens Rehen, o maior desafio dos estudos com Cannabis no país é o percurso burocrático que requer autorizações especiais dos órgãos sanitários e federais, além da necessidade de importar as substâncias de outros países. Esses fatores aumentam os custos e causam interrupções no fluxo da pesquisa, fazendo com que muitos cientistas desistam da jornada. “Com o apoio da Entourage, esse fluxo será muito facilitado, porque a empresa está envolvida em todo o processo, desde a extração da planta até a chegada ao laboratório. A empresa também possui muita dedicação jurídica ao assunto, coletando todas as autorizações especiais necessárias para acelerar o fornecimento das substâncias”, relata Rehen.

Mesmo antes da parceria, o neurocientista e sua equipe já se dedicavam ao desenvolvimento de estudos com Cannabis. Em um deles, os pesquisadores testaram de maneira não-invasiva o efeito dos canabinoides em células neurais de pacientes com síndrome de Dravet, doença rara e resistente aos tratamentos convencionais, que muitas vezes leva seus portadores a uma morte precoce ainda na infância. Os primeiros resultados desta pesquisa, ainda em andamento, são promissores.

A tecnologia por trás da parceria IDOR-Entourage

O procedimento não-invasivo, que é utilizado neste e em outros estudos do IDOR, se baseia em recolher, a partir da urina de pacientes, células epiteliais que serão posteriormente induzidas a se tornar células-tronco pluripotentes. A partir deste ponto, elas podem ser transformadas em células de qualquer tecido humano. No caso dos estudos envolvendo a neurologia, elas são manipuladas até formarem tecidos ou organoides cerebrais, pequenas estruturas análogas ao cérebro humano no início de seu desenvolvimento. Essas estruturas possuem a mesma genética de seus pacientes doadores, o que permite observar em laboratório as interações positivas ou negativas dessas células com variadas substâncias.

Esta tecnologia vem trazendo uma contribuição essencial para entender a forma como diversas doenças afetam o nosso corpo. Foi através da infecção desses organoides com o vírus Zika que o IDOR participou da descoberta multi-institucional que correlacionou a arbovirose com a explosão de casos de microcefalia no Brasil, entre 2015 e 2016. Já durante a atual pandemia, métodos similares também estão sendo aplicados para compreender as ações do novo coronavírus no cérebro humano.

Escrito por Maria Eduarda Ledo de Abreu.

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25.11.2020

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