Dra. Fernanda De Felice lidera linha de pesquisa no IDOR que investiga patologias do sistema nervoso central com foco em marcadores bioquímicos
A neurociência, uma das principais e mais antigas áreas de pesquisa no Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), é um campo amplo de investigações sobre o cérebro humano, estudando desde fatores evolutivos como a origem dos sentimentos, até alterações clínicas causadas por doenças congênitas, infecciosas ou degenerativas.
No IDOR, um grande segmento dessa área é dedicado ao estudo de processos neurodegenerativos como a doença de Alzheimer, ou danos de longo prazo causados pela covid-19. Todos estes estudos compartilham uma meta comum: identificar e mensurar alterações no Sistema Nervoso Central (SNC) que possam servir de base a novas terapias. Esse é o foco de uma das linhas de pesquisa lideradas pela Dra. Fernanda De Felice, neurocientista e cientista molecular do IDOR.
Sentada em sua sala, com roupas leves e um dia ensolarado, quase é possível esquecer que está dando entrevista por videoconferência, do outro hemisfério da América. O fuso horário do Sudeste brasileiro é igualmente parecido ao de Ontário, no Canadá, onde De Felice também desenvolve pesquisas pela Queen’s University, em parceria com o IDOR. “Um dos projetos que venho trabalhando no IDOR consiste na busca por biomarcadores moleculares, tanto da doença de Alzheimer como das manifestações neurológicas associadas à covid-19”, resume.
A pesquisadora explica, contudo, que há um grande desafio na busca desses marcadores moleculares localizados no cérebro: a barreira hematoencefálica. Ela exemplifica que, em um estudo de neuroimagem, outra linha investigativa do IDOR, é possível enxergar alterações na estrutura cerebral de pacientes sem maiores obstáculos, mas para entender cenários químicos que ocorrem dentro do crânio, o processo usual de coleta de amostras é invasivo, já que o cérebro é protegido pela barreira hematoencefálica, que impede o livre trânsito de células e moléculas entre o cérebro e a circulação do sangue. Desta forma, muitos biomarcadores estão impedidos de sair em grande quantidade do ambiente cerebral para a corrente sanguínea.