Nos últimos dias 4 e 5 de maio, aconteceu em São Paulo o XIV
Fórum Internacional de Sepse, um dos principais eventos sobre o tema.
Nele, o trabalho desenvolvido pela aluna de doutorado Ligia
Rabello, orientada pelos pesquisadores do IDOR, Dr. Marcio Soares e Dr. Jorge
Salluh, recebeu o prêmio de Melhor Trabalho Clínico, no espaço Jovem
Pesquisador. O estudo, intitulado “Measuring
and comparing sepsis outcomes between countries
to explore the impact of heterogeneity”, é resultado de uma parceria
com instituições brasileiras e britânicas, e investigou o perfil dos pacientes
com sepse internados em UTIs do Brasil e Reino Unido.
O estudo em detalhes
A sepse, também conhecida como infecção generalizada, é uma
condição clínica muito comum e bastante grave, levando a 26% de mortalidade em
UTIs de todo o mundo. Por outro lado, estudos recentes demonstram que, no
Brasil, essas taxas são incrivelmente altas, chegando a 50%.
Esse efeito pode ser explicado por caraterísticas
específicas da doença, como o foco e a gravidade da infecção, assim como por
características clínicas gerais dos pacientes que internam no hospital por
sepse. Por esse motivo, é necessário entender as razões para que desfechos tão
variados sejam identificados em diferentes países e, a partir daí, gerar
intervenções adequadas.
Mais de 20 mil pacientes com sepse do Brasil e Reino Unido
foram incluídos no estudo com o intuito de investigar suas características
específicas e detalhes de suas evoluções clínicas que pudessem justificar
discrepâncias tão grandes nos desfechos observados entre os dois países.
Como resultado, observou-se que os pacientes brasileiros com
sepse são mais velhos, apresentam com maior frequência comorbidades graves e
ainda maior necessidade de assistência, quando comparado aos pacientes
britânicos. Por outro lado, semelhanças entre os pacientes de ambos os países
também foram notadas: o foco de infecção mais comumente observado foi o
respiratório, e as taxas de mortalidade giraram em torno de 40%.
Além disso, os pesquisadores observaram que a simples
comparação da mortalidade nas duas populações tem valor muito limitado, tendo
em vista que as características clínicas gerais, assim como as relacionadas com
a sepse, estão distribuídas de forma heterogênea nas duas populações, o que
provavelmente têm impactos diferentes sobre os desfechos observados.
O estudo permitiu o melhor entendimento da epidemiologia da
sepse no Brasil e uma comparação dos dados brasileiros com os de um país
desenvolvido. A partir dos dados gerados pela pesquisa, políticas de saúde
poderão ser criadas ou otimizadas de modo a reduzir as taxas de mortalidade dos
pacientes críticos internados na UTI brasileiras por sepse.
Escrito por Ligia Rabello e Theo Marins