Médicos discutem se o novo coronavírus pode causar AVC em pessoas abaixo dos 50 anos.
Recentemente, médicos e cientistas identificaram que a infecção pelo novo coronavírus pode acarretar em outros problemas além dos respiratórios. Após relatos de problemas neurológicos em pacientes com Covid-19, foram registrados diversos casos de pessoas com diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral (AVC) que também testaram positivo para o novo coronavírus (Sars-CoV-2). O que mais intrigou os especialistas, no entanto, é que muitos dos pacientes com esse quadro clínico tinham menos de 50 anos.
O AVC é uma síndrome neurológica que pode causar graves danos ao cérebro, devido à interrupção do fornecimento de sangue. Com grande prevalência em idosos acima dos 60 anos, seus sintomas incluem dificuldade para andar, falar e compreender, bem como dormências na face, braços ou pernas. No entanto, desde a pandemia de Covid-19, a aparição de casos de AVC em pessoas em seus 30 e 40 anos tem deixado médicos alarmados, principalmente porque muitos desses pacientes sequer demonstram os sintomas mais comuns para a infecção por coronavírus.
Várias instituições estão dedicando pesquisas ao caso, mas ainda não sabem correlacionar se a complicação se dá devido à ação do vírus ou se é um efeito adverso de alguns organismos em resposta à infecção. O Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) já havia alertado que a Covid-19 ainda pode trazer alterações neurológicas para seus pacientes, mas agora há mais clareza dos sintomas devido ao aumento do número de estudos da área. O primeiro estudo a ligar o AVC ao novo vírus foi realizado na China, e constatou que de 214 pacientes confirmados, 78 (36.4%) demonstravam problemas neurológicos.
Nos Estados Unidos, o aumento do número de casos de jovens e adultos com AVC levou a pronunciamento a World Stroke Organization, que afirmou que neste momento o compartilhamento de informações entre médicos é essencial para que se possa entender mais essa correlação entre a doença e a causa do AVC; a instituição defendeu inclusive o melhor aproveitamento da telemedicina, principalmente para o acompanhamento de pacientes durante e depois das implicações clínicas mais graves.
Na Holanda, por sua vez, pesquisadores ressaltam que se mais de 30% dos pacientes apresentam problemas neurológicos resultantes da Covid-19, esta parcela é muito alta para ser ignorada. E que mesmo sem estudos mais aprofundados é recomendável aumentar a profilaxia para trombose em todos os pacientes com COVID-19 internados em Unidades de Terapia Intensiva.
Em entrevista para o Estadão, o pesquisador e neurologista Gabriel Freitas, atuante no IDOR e na Universidade Federal Fluminense, afirma que os relatos de casos nos Estados Unidos coincidiram com o pico da epidemia no país, e isso deve servir de alerta para o Brasil, já que nas próximas duas semanas poderemos encontrar um quadro clínico parecido em nossos pacientes.
Por Maria Eduarda Ledo de Abreu.
Quer receber as notícias do IDOR pelo WhatsApp? Clique aqui, salve o nosso número e mande uma mensagem com seu nome completo. Para cancelar, basta pedir!