Evento reuniu especialistas para compartilhar informações atualizadas sobre o processo de imunização no Brasil
No sábado passado, dia 14 de agosto, o IDOR/RDSL organizaram o II Simpósio Nacional sobre Vacinas contra a Covid-19. O evento on-line, teve como principais objetivos esclarecer as dúvidas atuais relacionadas à vacinação contra Covid-19, em um contexto onde grande parte da população já recebeu pelo menos a primeira dose de um dos imunizantes. O evento contou com mais de 1400 inscritos, em sua maior parte profissionais da saúde.
O primeiro módulo, coordenado pelo Dr. José Cerbino – infectologista, pesquisador do IDOR e da Fiocruz e coordenador do evento – introduziu o cenário atual da pandemia e da imunização no Brasil. A palestra do Dr. Fernando Bozza, coordenador de pesquisa em medicina intensiva no IDOR e pesquisador da Fiocruz, trouxe dados sobre as duas principais ondas da Covid-19 e os impactos no sistema de saúde. Os dados foram retirados de um estudo que analisou cerca de 250 mil admissões hospitalares no Brasil e deu origem a um aplicativo aberto ao público, que apresenta dados de internação e mortalidade em diferentes grupos de pacientes.
A segunda apresentação da mesa foi realizada pelo Dr. Renato Santanna, também pesquisador do IDOR e coordenador do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução da UFMG, que explicou em detalhes o processo de desenvolvimento de novas variantes do Sars-CoV-2, Dr. Santana destacou a importância da Vigilância Genômica para o entendimento do mapa de transmissão e definição de estratégias de saúde pública.
Dr. Paulo Takey, responsável pela Farmacovigilância da Fiocruz, encerrou o módulo, falando sobre a importância do acompanhamento da população vacinada, principalmente no que diz respeito a eventos adversos.
O segundo módulo do simpósio, comandado pela também coordenadora do evento, Dra. Ana Pittella, que é pesquisadora do IDOR e Gerente da Unidade de Internação do Hospital Quinta D’Or, trouxe informações atualizadas sobre todas as vacinas em uso no Brasil.
Os dados sobre a vacina desenvolvida pela Astrazeneca e Universidade de Oxford, foram apresentados pelo Dr. Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações e presidente do Departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria. Dr. Kfouri comentou sobre a tecnologia adotada para o desenvolvimento do imunizante (vetor viral), apresentou os dados mais recente sobre sua eficácia e comentou sobre os eventos adversos relacionados ao seu uso, com especial atenção aos casos de eventos trombóticos associados à queda na contagem de plaquetas. Destacou, entretanto, que o fenômeno foi observado em 1 a cada 250 mil doses aplicadas, dependendo de fatores como gênero e idade dos indivíduos.
Dr. Marco Aurélio Safadi tratou da vacina desenvolvida pela Pfizer em parceria com a BioNTech. O imunizante utiliza tecnologia de RNA mensageiro sintético, ou mRNA, que estimula a resposta do sistema imunológico através da produção de proteínas encontradas na superfície do novo coronavírus. O Dr. Safadi destacou a importância do intervalo entre as doses da vacina para maior eficácia do imunizante, que tem demonstrado eficácia superior a 80% para evitar casos graves da doença.
Coube ao Dr. Kleber Luz, do Departamento de Infectologia da UFRN, falar sobre o imunizante desenvolvido pela Janssen. Utilizando tecnologia de vetor viral, como o imunizante da AstraZeneca, o imunizante é o único aplicado em dose única, pelo fato de um número maior de doses não ter demonstrado benefício na proteção. Outra particularidade do imunizante da Janssen é que pode servir como segunda dose para pessoas que tiveram reações adversas a vacinas de RNA, como a da Pfizer.
Os dados sobre a CoronaVac, imunizante desenvolvido pela Sinovac e reproduzida nacionalmente pelo Instituto Butantan, que utiliza a tecnologia de vírus inativado, foram apresentados pelo Dr. Leandro Leal, pesquisador do Instituto Nacional de Câncer e o investigador principal do estudo da CoronaVac no Brasil. Dr. Leandro falou sobre as taxas de eficácia da vacina e também sobre os estudos acerca da terceira dose. Além disso, comentou sobre os estudos sobre terceira dose e possibilidade de combinar vacinas.
Os palestrantes e coordenadores concordaram que todas as vacinas em uso no Brasil já se mostraram eficazes em reduzir a gravidade da doença, o que é a verdadeira prioridade do momento, não sendo possível compará-las.
Na última mesa do evento Dr. José Cerbino discutiu as perspectivas para a imunização no País, destacando a importância de obtermos mais dados em estudos que combinem vacinas.
O evento foi encerrado pela presidente do IDOR, Dra. Fernanda Tovar-Moll, que agradeceu a enorme contribuição dos profissionais de saúde brasileiros para a obtenção de dados que tem se mostrando fundamentais para a validação das vacinas e desenho das políticas públicas de saúde, essenciais para o controle da pandemia.
Você pode conferir a gravação integral do evento em nosso canal do Youtube! E caso tenha participado do simpósio, não deixe de baixar seu certificado digital clicando aqui.
Escrito por Maria Eduarda Ledo de Abreu.