Pesquisador do IDOR compartilha dicas e atividades para exercitar o equilíbrio emocional no próximo ano
À medida que 2020 vem chegando ao fim, uma coisa fica mais clara: este ano foi um desafio para todos. Como sociedade, enfrentamos grandes adversidades para manter a nós e nossos entes queridos em segurança, além de buscar seguir com a vida da melhor maneira possível. Aprendemos muito ao longo do caminho, incluindo que as medidas de distanciamento social podem ser eficazes na redução da disseminação viral da atual pandemia de covid-19, conforme demonstrado em países como Cingapura, Nova Zelândia e Austrália. Mas o que também ficou claro é que a pandemia e os muitos desafios que vieram com ela, como a perda de entes queridos e as próprias restrições necessárias para reduzir o contágio, aumentaram nossa ansiedade, trazendo mudanças de humor e esgotamento, independentemente de onde estejamos. Os níveis de estresse no Brasil atingiram um pico semelhante ao de alguns países que tiveram muito mais sucesso na contenção da pandemia. O que está evidente é que precisamos cuidar de nós mesmos e prestar atenção nesses problemas de saúde mental que estão surgindo em todos os lugares.
Isso requer atenção imediata devido à pressão enfrentada pelos profissionais de saúde mental que estão lutando para fornecer suporte adequado para as pessoas mais necessitadas. Embora existam muitas diretrizes de autoajuda disponíveis on-line, por meio de redes sociais, aplicativos ou canais, não está claro o quanto elas são eficazes. Infelizmente, o setor de saúde mental não é bem regulamentado e muitos produtos não demonstraram efetividade ou segurança para seus usuários. Por esse motivo, nossa equipe de pesquisadores realizou uma revisão sistemática de todas as práticas baseadas em evidências disponíveis nos estágios iniciais da pandemia. Focamos especificamente em resumos com dados quantitativos sobre as práticas que poderiam ser usadas por indivíduos em casa ou em outros ambientes de confinamento, durante a fase de distanciamento social ou em quarentena. Para obter um melhor entendimento, incluímos na revisão apenas ensaios que usaram grupos de controle cuidadosamente planejados e restringimos nossa pesquisa aos estudos que testaram a eficácia dessas práticas no controle da ansiedade, depressão e estresse.
Descobrimos que uma série de práticas autodirigidas desenvolvidas na área da psicologia clínica e da psicoterapia baseadas em terapias estabelecidas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental ou Terapia de Aceitação e Compromisso, são consideradas seguras e eficazes, mesmo quando usadas sem supervisão ou orientação. Novas práticas emergentes associadas a mindfulness, atividades de escrita positiva com foco em gratidão, exercícios físicos leves em casa ou ouvir música também podem ajudar as pessoas a se sentirem melhor e seguras, mesmo se estiverem estressadas e ansiosas. Em relação aos aplicativos de celular, o cenário ficou bastante confuso. Não podemos recomendar aplicativos específicos, por não haver dados clínicos disponíveis que tenham sido revisados por pares.
Com o objetivo de ajudar a população em geral, selecionamos algumas das melhores práticas que podem ser feitas dentro de casa e explicamos esses exercícios nos vídeos publicados no Portal IDOR de Saúde Mental. Mais informações, incluindo nosso estudo completo e uma lista mais extensa de recursos e exercícios, podem ser encontradas aqui: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2020.563876/full
Algumas das atividades são baseadas na sabedoria clássica e nas práticas filosóficas das civilizações mais antigas, outras advêm de pesquisas mais recentes em neurociência sobre como nosso cérebro e corpo trabalham juntos. Todos esses exercícios têm se mostrado eficazes, de forma geral. Eles são voltados para ajudar você a lidar com alguns dos estressores que ainda devemos continuar enfrentando por um tempo, mesmo com as vacinas chegando em breve. Porque você não pode controlar o futuro, não pode controlar o vírus, nem como seu governo está administrando toda a situação, ou o que está acontecendo ao seu redor, muito menos a economia mundial. Não existe um interruptor mágico para mudar imediatamente seus sentimentos e se livrar do medo opressor, de suas sensações de depressão ou ansiedade. Mas você pode controlar o que faz aqui e agora. Isso é tudo que importa e é o que pode ajudá-lo(a).
Assista aos vídeos e faça algumas anotações, se quiser. Todos eles se mostraram seguros para ajudá-lo(a) a superar o seu baixo-astral e reduzir suas preocupações e ansiedades. Algumas das atividades podem parecer simples, outras peculiares. Sinta-se à vontade para experimentar os exercícios se achar que podem ser úteis para você. Nem todos serão sua praia. Mas experimente agora, veja como se sente e qualquer coisa experimente-os em outro momento.
Contudo, também descobrimos que essas práticas autodirigidas não são tão eficazes como quando supervisionadas e orientadas por um profissional de saúde mental capacitado. Portanto, podemos recomendar às pessoas com alguma preocupação acerca de sua saúde mental que assistam a esses vídeos e experimentem alguns desses exercícios, mas se as coisas não melhorarem, você deve procurar ajuda profissional. É absolutamente natural ter dificuldades em tempos de incerteza, mas juntos podemos superar isso e crescer com nossas experiências.
Escrito por Ronald Fischer, psicólogo e pesquisador do IDOR.
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