O estudo envolveu 155 pacientes que passaram por prostatectomia radical (remoção da próstata), realizada entre janeiro de 1994 e dezembro de 2012, além de amostras de 11 indivíduos saudáveis como grupo controle. Utilizando a técnica de qPCR, que é usada para amplificar e quantificar a quantidade de DNA ou RNA presente em uma amostra, os pesquisadores quantificaram a expressão genética nos tecidos coletados. O objetivo principal era investigar a associação entre os perfis genéticos dos pacientes e diversas características clínicas, como recorrência do câncer e progressão para CRPC.
Conectando expressão dos genes a diferentes desfechos
Os resultados mostraram que, com exceção do SRC-1, todos os genes analisados tiveram maior ativação em pacientes com câncer, em comparação com o grupo controle. Embora o SRC-1 não tenha apresentado significância estatística, sua expressão média ainda foi maior nos pacientes com câncer, e os resultados da pesquisa apontaram relevância do gene na progressão para o câncer metastático, tendo algum potencial como fator prognóstico desse desfecho.
Outra descoberta importante foi que a expressão do gene AR não estava ligada diretamente à expressão de seus genes auxiliares (SRC-1, SRC-2 e SRC-3) nem ao gene AR-V7. No entanto, o AR-V7 estava fortemente ligado aos genes da família p160, sugerindo que a capacidade do AR-V7 de ajudar as células do câncer de próstata a resistirem ao tratamento hormonal depende desses genes auxiliares, especialmente do SRC-3.
Além disso, os genes SRC-2 e SRC-3 foram significativamente associados ao câncer de próstata de alto risco, enquanto a ativação excessiva do AR foi vinculada a um risco 73,2% maior de recorrência precoce da doença. O AR-V7 também demonstrou um aumento de 62,1% no risco de recorrência precoce. Todos esses achados destacam a importância da sinalização androgênica na recorrência e desenvolvimento tumoral do câncer de próstata.
Os resultados da pesquisa apontam que os genes estudados são potenciais biomarcadores prognósticos do câncer de próstata. Enquanto o SRC-1 teve uma ativação diferenciada em casos de metástase, os genes SRC-2 e SRC-3 tiveram alterações de expressão que podem ajudar a distinguir malignidades mais agressivas.
Os autores comentam que essas correlações devem ser estudas mais profundamente, especialmente a associação entre os genes SRC-3 e AR-V7, que poderia auxiliar a entender melhor o papel das proteínas da família p160 no desenvolvimento do fenótipo CRPC. Os achados da pesquisa são promissores e podem pavimentar novas linhas investigativas sobre o papel dos genes andrógenos nos prognósticos do câncer de próstata, contribuindo com avanços na personalização do tratamento da doença.
Escrito por Maria Eduarda Ledo de Abreu.
Ilustração: Storyset