O psicólogo e linguista Steven Pinker esteve no Rio de Janeiro, a convite da CCM e do IDOR, para participar do Brain 2024 – Congresso Cérebro, Comportamento e Emoções.  

Pinker, que é conhecido por seu trabalho em psicologia evolutiva e ciência cognitiva, costuma combinar insights de várias disciplinas para oferecer uma visão ainda mais abrangente do comportamento e da história humana. Com 10 livros (best-sellers) publicados em dezenas de línguas, ele já foi reconhecido como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time e figurou na lista dos 100 maiores intelectuais do mundo da revista Foreign Policy. 

O psicólogo conversou sobre racionalidade humana, o fascínio por teorias da conspiração, notícias falsas e crenças pseudocientíficas, enfatizando que esses fenômenos são influenciados por crenças intuitivas como dualismo e essencialismo.  

Para Pinker, as redes sociais amplificam o tribalismo, criando bolhas de informações que reforçam preconceitos sociais. Ele indicou ainda que a segregação educacional e de classe é também um fator significativo, onde pessoas com níveis semelhantes de educação e crenças vivem em comunidades isoladas, facilitando a demonização daqueles com opiniões diferentes. “Precisamos promover a ideia radical de que a gente só deve acreditar em coisas que têm evidências e que ela tem de ser testada para sabermos se ela resiste à realidade” comentou. 

Outro tema abordado foi o uso de inteligência artificial (IA) na saúde mental, destacando seu potencial e limitações. Pinker acredita que a IA pode ser uma aliada para os profissionais da área, pois os algoritmos poderiam complementar o trabalho dos psiquiatras. “Nenhum terapeuta humano pode saber toda a literatura e é nisso que os computadores podem ser melhores” ressaltou. Porém, destacou que os modelos de linguagem atuais não possuem expertise em distúrbios psiquiátricos. O especialista defende que a IA clássica, mais algorítmica e passo a passo, pode ser uma ferramenta refinada e validada, ao contrário dos grandes modelos de linguagem. 

Dr. Luiz Eugênio Mello, nosso Diretor de Pesquisa e Inovação, fez uma reflexão sobre os assuntos abordados por Steven Pinker e ainda, comentou sobre a homenagem prestada pelo IDOR. “O trabalho do Pinker amplia para porções maiores da sociedade o entendimento daquilo que somos. De forma geral as pessoas não gostam de ser ou de se sentir manipuladas. Por outro lado, se não entendemos como os vieses do nosso próprio cérebro e da nossa sociedade resultam em sermos mais ou menos influenciados será difícil sermos genuinamente autônomos e senhores de si. Pinker, como poucos intelectuais, têm demonstrado a capacidade de articular essas questões e de trazer a ciência para o centro dessa discussão” comentou. 

Devido às suas contribuições ao campo das pesquisas em neurociências, o IDOR concedeu a Steven Pinker o título de Doutor Honoris Causa. “O título Honoris Causa reconhece o mérito desse excepcional trabalho de divulgador científico, não apenas na superfície, mas em um sentido profundo do entendimento científico” destacou Luiz Eugênio. Em sua rede social, Pinker agradeceu pela homenagem e pelo convite ao evento. 

As ideias e pesquisas de Steven Pinker se alinham com as áreas de estudo e os objetivos do IDOR. A neurociência é uma das principais linhas de pesquisa do IDOR, com contribuições em diversos aspectos como o entendimento de valores morais e altruísmo, comportamentos compulsivos, cognição e demência. “Por fim, o IDOR, ao longo de sua trajetória tem um trabalho ativo e intenso de divulgação cientifica.  Exemplos recentes, para um público mais jovem, como o Férias com Ciência e o Tour da Ciência refletem de forma prática essa ação” concluiu o nosso diretor.