Doutorando do IDOR realiza pesquisas sobre o tema em parceria com a Universidade do Colorado
Microvesículas, ou vesículas extracelulares de 50 a 1.000 nanômetros de diâmetro, são partículas microscópicas secretadas pelas células do corpo, normais ou cancerosas. Elas trazem dentro de si marcadores importantes sobre sua célula-mãe e sobre as condições do nosso organismo, podendo ajudar a identificar uma infinidade de patologias.
Entender melhor o papel dessas vesículas em pacientes que sobreviveram ao câncer de mama é um dos principais objetivos de estudo do João Eduardo Izaias, doutorando em ciências médicas pelo IDOR e recentemente selecionado para um doutorado sanduíche na Universidade de Colorado, nos Estados Unidos da América
No Brasil, sob orientação do Prof. Dr. Allan Kluser, membro permanente do programa de Pós-Graduação do IDOR, o pesquisador já estava envolvido em outras investigações que consideravam o papel das vesículas nas neoplasias da mama e de rim e em doenças cardiovasculares. “Na pesquisa com o Dr. Allan, nós sempre buscamos avaliar os pacientes na beira do leito à bancada, envolvendo estudos de fisiologia e mecanismos molecular e celular . Por exemplo, as alterações fisiopatológicas que observamos nesse grupo de pacientes e como elas podem ser explicadas do ponto de vista molecular e celular? Estudar as microvesículas é umas das formas de investigar isso, e podemos usar essa técnica em diferentes populações”, explica o Dr. Izaias.
Na Universidade de Colorado, o doutorando está compondo a equipe do Departamento de Fisiologia Integrativa, sob supervisão do Dr. Christopher de Souza, com o objetivo de aprimorar a técnica de investigação das vesículas extracelulares para aplicá-la em projetos futuros no Brasil. “Meu foco de estudo são as vesículas extracelulares derivadas de células endoteliais e plaquetárias, que estão principalmente associadas à inflamação e coagulação no organismo. A alta concentração dessas partículas já foi relacionada a hipertensão, aterosclerose, insuficiência cardíaca e mortalidade por doenças cardiovasculares, além de serem investigadas em casos de lesão medular”, explica o cientista.
No IDOR, outras linhas de pesquisa incluem a análise de vesículas extracelulares para identificação precoce da doença de Alzheimer, estudos que só são possíveis devido à infraestrutura de ponta da instituição, como o SiMoA, tecnologia ultrassensível na detecção de biomarcadores.
Integrando uma das apostas mais promissoras da medicina contemporânea, a pesquisa com microvesículas do Dr. Izaias pode auxiliar no desenvolvimento de ferramentas valiosas para o diagnóstico precoce do câncer, doenças cardiovasculares e outras patologias. Além de permitir estudar mecanismos celulares associados aos efeitos adversos das terapêuticas de combate ao câncer sob os sistemas cardiovascular, respiratório, renal e autônomo. O estudo abre ainda caminho para novas colaborações internacionais e reitera o posicionamento do IDOR como referência em pesquisa de ponta na área de biomedicina.
Escrito por Maria Eduarda Ledo de Abreu.