Conversamos sobre o coronavírus com o pesquisador Fernando Bozza, membro do comitê executivo do ISARIC, consórcio internacional para controle de epidemias globais.
Ainda na semana passada (30/01), a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência de saúde pública global quanto ao novo coronavírus (2019-nCoV). Concomitantemente, os casos suspeitos no Brasil seguem ganhando destaque em veículos informativos televisivos, online e impressos. Mas, haverá mesmo razão para alarme nacional? O médico e pesquisador especialista em doenças infecciosas, Fernando Bozza, acredita que não, embora não negue que possa ocorrer casos de infecção no país. Segundo ele, o hemisfério norte está em uma situação mais preocupante por se encontrar no inverno, período de maior transmissão de doenças respiratórias; mas, o Brasil e outros países da América Latina não estão em grande risco no momento e, mesmo que a doença atinja o país, não temos como estimar se sua extensão será igual ao que ocorre na Ásia.
Contudo, o que pode configurar um certo alívio imediato para a população não deixa de ser preocupante para a comunidade científica brasileira, que já está buscando soluções para o controle e prevenção dessa epidemia. O cientista ressalta que a declaração de emergência global pela OMS não visa limitar viagens e comércio, e sim reforçar o apoio internacional para acelerar o desenvolvimento de pesquisas que ajudem a prevenir e a tratar a doença, além de frisar a necessidade de combate à desinformação. Se a opinião do pesquisador ainda deixa insegurança frente à competição de notícias alarmistas da mídia, vale destacar que além de pesquisador da Fiocruz e do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), Dr. Bozza também foi eleito no ano passado como um dos 7 membros do comitê executivo do Consórcio Internacional de Infecções Respiratórias Agudas, Graves e Emergentes, ou ISARIC, de acordo com suas iniciais em inglês.
O ISARIC é uma iniciativa internacional aliada à OMS, cujo objetivo é disponibilizar acesso aberto para que pesquisadores clínicos no mundo todo possam compartilhar informações e facilitar uma resposta rápida a epidemias e doenças emergentes, reduzindo seus danos e evitando seu alastramento pelos países. O consórcio reúne mais de 40 redes envolvidas em pesquisas relacionadas a surtos de doenças como a gripe H1N1, zika, ebola e SARS — outro tipo de coronavírus que também configurou um quadro epidêmico na China, 20 anos atrás. Este consórcio vem desenvolvendo diversas iniciativas voltadas para o melhor entendimento do novo coronavírus, bem como o desenvolvimento de novos tratamentos.
O pesquisador revela, porém, o que os holofotes dos jornais estão perdendo de noticiar, que é o esforço nacional engajado neste cenário. Na Rede D’Or São Luiz já estão sendo divulgados para profissionais da saúde protocolos de identificação, diagnóstico e manejo de suspeitas do coronavírus, enquanto cientistas de diversas instituições brasileiras unem forças para adiantar protocolos com apoio de órgãos como a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). “A epidemia de H1N1 e principalmente de zika no Brasil foram determinantes para que a comunidade científica, os órgãos de controle e as instituições governamentais agissem com maturidade e agilidade frente a novas epidemias. No país, estamos muito mobilizados e em ação conjunta contra uma epidemia que pode nem ocorrer por aqui. O que não tira a importância desse esforço que parte de todas as frentes e que é de interesse mundial”, afirma Fernando Bozza.
Situações epidêmicas como esta ressaltam a necessidade de apoiar e divulgar a importância da pesquisa científica no país, além de dar força para que as instituições estejam sempre em cooperação frente a ameaças cada vez mais compartilhadas em um mundo globalizado.
Escrito por Maria Eduarda Ledo de Abreu.
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |