No enfrentamento da pandemia, o país optou por proteger a economia e deixar seus habitantes livres, mas enfrenta maiores taxa de desemprego e número de mortes.
Vinte e dois cientistas da Suécia enviaram ao governo um pedido de planejamento de quarentena no final de abril, afirmando que a estratégia de alcançar imunidade de rebanho com o coronavírus não tem embasamento científico. O país não adotou a quarentena em nenhum momento, diferente de outras nações ao seu redor, como Dinamarca e Noruega, transferindo a responsabilidade do cuidado com contágio para seus habitantes. Na Suécia, escolas seguem abertas, salões de beleza e restaurantes continuam funcionando.
O governo, no início de abril pediu que a população evitasse viagens não essenciais e que “mantivesse distância e assumisse responsabilidade pessoal”, ou seja, que os habitantes tivessem cuidados, mas que o critério de exposição seria julgado por eles mesmos. O que foi proibido no país são shows e grandes espetáculos. Mas na Finlândia, país vizinho, foi declarado estado de emergência, com colégios fechados e aglomerações de mais de 10 pessoas proibidas, entre outras medidas restritivas. No final de abril, a Suécia contava 22 mortes por 100.000 pessoas; Dinamarca 7 e Noruega e Finlândia menos de 4 mortes por 100.000 habitantes.
Mas, é preciso comparar os dados com populações semelhantes, certo? Na Suécia vivem 10,23 milhões de habitantes, na República Tcheca vivem 10,65 milhões. O primeiro país hoje conta com 30.799 casos confirmados de contaminação e 3.743 mortes, o segundo com 8.594 contaminados e 302 mortes. Os números são assustadoramente distantes. Proporcionalmente a suas populações, hoje, a Suécia conta 35 mortes a cada mil habitantes, a República Tcheca conta apenas 3. E mais vidas se perdem na busca por imunidade de rebanho.
Comparando as estratégias, a República Tcheca tomou um rumo diferente na execução da quarentena: escolas fechadas, restaurantes bares e vários ramos do comércio fechados, viagens restringidas, quarentena mandatória para quem voltou de área de risco e uso de máscara obrigatório em locais públicos. Com o objetivo de manter a economia estável, a Suécia tomou caminho oposto do que segue a maioria das nações, mas isso não bastou para salvar a economia: enquanto países vizinhos mostram previsão da taxa do desemprego nos próximos meses em 6,4%, na Dinamarca, e 8,3%, na Finlândia, a taxa da nação sueca é a pior das três, com 9,7%.
O sistema de saúde do país também tem alcançado níveis críticos, e uma vacina ainda não está perto de ser distribuída à população. Por isso, tudo indica que a não-quarentena acabou determinando tanto prejuízos econômicos como de saúde pública. Segundo o pesquisador demográfico da Universidade da Califórnia, Andrew Noymer, “a Suécia será julgada no final da linha, mas essa decisão traz altos riscos, e as consequências serão pagas com vidas.”
Escrito por Luiza Mugnol Ugarte
Quer receber as notícias do IDOR pelo WhatsApp?
Clique aqui, salve o nosso número e nos mande uma mensagem com seu nome completo.
E para cancelar, basta pedir!