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Pesquisa de Big Data demonstrou que variante Ômicron foi associada a menor mortalidade em comparação às cepas anteriores da covid-19

Pesquisa de Big Data demonstrou que variante Ômicron foi associada a menor mortalidade em comparação às cepas anteriores da covid-19

Estudo do IDOR analisou dados de mais de 40 mil pacientes internados em UTIs brasileiras

Durante os picos da pandemia de covid-19, um receio público constante era a ascensão de uma nova variante da doença. Das inúmeras possibilidades de uma mutação viral do SARS-CoV-2, algumas foram realmente alarmantes, como a Ômicron, a Delta e a Gama. As cepas com maior virulência e capacidade de invadir o sistema imunológico são nomeadas de variantes de preocupação (VOC, do inglês variants of concern), pois também têm o potencial de sobrecarregar o sistema de saúde, aumentando o número de internações em unidades de terapia intensiva (UTIs). Recém-publicado na revista Intensive Care Medicine, um estudo nacional liderado pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) comparou o perfil de pacientes internados em UTIs brasileiras durante a dominância de diferentes variantes de preocupação, utilizando técnicas de análise de grande volume e complexidade de dados (Big Data).

Como objeto de pesquisa, os autores avaliaram uma coorte multicêntrica de pacientes com diagnóstico de covid-19 confirmado por RT-PCR, que estiveram internados em uma das 231 UTIs brasileiras avaliadas no estudo entre 27 de fevereiro de 2020 e 29 de março de 2022, o que totalizou na análise de 47.465 admissões. Os dados de internação foram todos oferecidos por hospitais da Rede D’Or, e os cientistas dividiram as informações em três períodos de tempo: época 1 (quando ainda não havia uma variante de preocupação em dominância; total: 21.996 admissões), época 2 (dominância Gama/Delta; total: 21.183 admissões), e época 3 (dominância Ômicron; total: 4.286 admissões).

Eles então estudaram a relação entre a época de admissão e a mortalidade hospitalar em até 60 dias, considerando também os números referentes à necessidade de ventilação mecânica (intubação) nas três épocas. Para fazer esses cálculos, foi utilizado um software de bioestatística, que empregou modelos matemáticos com consideração das múltiplas variáveis relevantes que poderiam interferir na chance de mortalidade do paciente, como a idade, o sexo, comorbidades, entre outras, resultando no que os autores definem como taxa de mortalidade ajustada.

Os pesquisadores observaram que durante a época 3 (dominância Ômicron), os pacientes eram mais velhos, possuindo em média 68 anos, enquanto esse número era de 52 anos na época 2 e de 55 na época 1. Os pacientes da Ômicron também tiveram mais disfunção cerebral ocasionada pela covid-19 e necessitaram menos de ventilação mecânica. No mesmo grupo, a mortalidade ajustada foi menor em comparação com as duas épocas anteriores. Já quando avaliada de forma isolada a mortalidade dos pacientes que necessitaram de ventilação mecânica, as chances eram semelhantes entre todas as épocas.

“Os pacientes que necessitam de ventilação mecânica na Ômicron são aqueles mais frágeis, como idosos e pacientes imunossuprimidos, com maior risco de desenvolver formas graves de doença. Uma das coisas que nosso estudo revela é que para esses pacientes ainda há necessidade de atentar às precauções de saúde e ao risco de hospitalização e morte. Mesmo na época 3, a época mais recente do estudo, onde já havia relevante cobertura vacinal, não houve uma grande queda na mortalidade para os pacientes com covid-19 que precisaram do auxílio da ventilação mecânica”, informa o primeiro autor e pesquisador do IDOR, Dr. Pedro Kurtz.

Os autores ressaltam que, de acordo com dados da vacinação da população brasileira, até o final de 2021 mais de 60% dos adultos receberam a primeira dose de vacinação, 30% uma segunda dose, e mais de 90% daqueles com idade maior que 60 anos tinham a vacinação completa. A cobertura vacinal, portanto, deve ter contribuído para a menor mortalidade observada no período da Ômicron. No entanto, os autores chamam atenção que mesmo com vacinação completa, a disseminação de variantes com alta infectividade coloca em risco pacientes vulneráveis, especialmente aqueles mais idosos, com comorbidades, que podem precisar de hospitalização em casos mais severos.

Escrito por Maria Eduarda Ledo de Abreu.

 

12.05.2023

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