Tratamento realizado com imunoterapia pode reduzir a necessidade de cirurgias mutilantes
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O aumento no número de casos avançados de câncer de pele em homens idosos tem aumentado nos consultórios oncológicos. O mais preocupante, alerta o Dr. Daniel Herchenhorn, é que, em boa parte dos pacientes, a doença apresenta um comportamento muito agressivo e mais frequente na região da face. “É esperada uma maior incidência nessa região, pois é justamente a parte do corpo mais exposta aos raios solares (UV). Porém, como muitas vezes o paciente demora a perceber indícios da doença, quando vem ao consultório o tumor já está em um estágio avançado. Diferente do que a população acredita, em pacientes mais frágeis, a doença pode crescer rápido e se manifestar inclusive com metástases em linfonodos”, relata.
É preciso estar atento a sintomas como a presença de feridas na pele, alterações na pigmentação e formação de nódulos. Como em todo caso de câncer, quanto mais cedo o diagnóstico melhor será o resultado do tratamento, que, na maioria das vezes, costuma ser cirúrgico, com a retirada da área atingida. Entretanto, o oncologista observa que há novas opções terapêuticas, como a imunoterapia, que não apenas trouxe novos horizontes, mas que atualmente tem sido também empregada antes de cirurgias mutilantes.
O tratamento imunológico, que atua de modo a estimular o sistema imunológico (linfócitos T) permitindo combater as células cancerígenas, tem se mostrado capaz de reduzir a necessidade de utilização da radioterapia em alguns tumores, além de aumentar a chance de cura da doença. O tratamento também vem diminuindo a necessidade de cirurgias mutilantes, especialmente nos casos de câncer de pele, que implicam na retirada de parte da pele, ou em casos de câncer de amígdala, quando a terapia pode ser associada à quimioterapia e que está muito relacionada a infecções pelo vírus HPV (vírus papiloma humano).
O oncologista explica que essa mudança no tratamento é chamada de desintensificação. “É uma tendência usar a imunoterapia pré-operatória em outros tipos de câncer, como o de pulmão. Mesmo ainda havendo necessidade de cirurgia, há estudos em que a doença desaparece por completo em cerca de 40% dos casos”, afirma Herchenhorn, que lembra que 27 de julho é considerado o Dia Mundial do Câncer de Cabeça e Pescoço.
Quinto tipo de maior incidência no Brasil e a causa de mais de 10 mil mortes por ano, o câncer de cabeça e pescoço abrange os tumores que ocorrem, por exemplo, na boca, língua, faringe, laringe, esôfago, fossas nasais e glândulas salivares.
Para a prevenção de tumores nessa região, são variadas as recomendações: manter a higiene bucal em dia; evitar o abuso de cigarro ou bebidas alcoólicas; se vacinar contra o HPV – pois o vírus pode causar o câncer de orofaringe; usar o de protetor solar e evitar o contato com o sol nos horários próximos ao meio-dia. “Hábitos de vida saudáveis são um importante aliado na prevenção do câncer”, enfatiza.
Por Daniel Herchenhorn
Oncologista Clínico da Oncologia D’Or RJ